Dos fios que nos unem: solidariedade, luto e amor na pandemia

Do tempo entre o abrir os olhos primeiro e ver o mundo, a imensidão de um novo, vibrante e desconhecido mundo e o cerrar para sempre os mesmos olhos, agora feitos outros, pelas paisagens e experiências vividas, há apenas um segundo, ou a eternidade inteira.

Da linha fina e delicada da existência, são inúteis os nós que tentam prender e cessar o movimento, as pessoas e as situações. Como imensa tapeçaria elaborada, passamos a vida a entrelaçar nossas linhas, unindo e separando nossos corpos e sonhos. Para os fios que deixam a materialidade da carne, dissolvendo-se na trama dos que ficam, haverá sempre a memória do coração e da lembrança e é verdadeiramente essa a composição do tecido que passamos a vida inteira a tecer. Maior do que as marcas do destino, do tempo e do incontrolável, são os desenhos que criamos a partir das linhas que nos são dadas.

E é a partir desta sabedoria que encontramos conforto quando a despedida e a ausência se impõem como barreira intransponível, relevando a fragilidade e a beleza do ser que pulsa vital e efêmero.

Mais do que as experiências vividas, sobre as quais temos pouco ou quase nenhum controle, somos o que fazemos delas. Transformar momentos de dor e saudade em momentos de alento e conforto é uma virtude. Assim, somos lembrados pela família Belisário, que honra a memória e a vida de Maria Valéria Belisário Diniz ao doar 60 cestas básicas para as famílias que hoje sofrem por outra mazela da pandemia, não o adoecimento do corpo, mas o desespero da fome. Por esse gesto, Valéria continuará presente nas recordações daqueles a ela ligados pelo sangue e pelo afeto, e também na gratidão e respeito das famílias que recebem o alimento em sua homenagem.

O grupo PL Solidária agradece profundamente o ato repleto de amor e cuidado da família Belisário.