Em meio ao cenário estagnado de Pedro Leopoldo, é necessário encarar de frente a responsabilidade coletiva. A culpa não pode ser atribuída a outros, mas sim a todos nós. O retrocesso que enfrentamos hoje é resultado de nossa própria inércia e incapacidade de agir em conjunto. Um exemplo simples e emblemático ilustra de forma clara essa culpa compartilhada.
Recentemente, aconteceu em PL o Rodeio Show, um evento que despertou diferentes reações na população. Enquanto alguns aproveitaram a festa, outros a criticaram pelos transtornos que traz à cidade. Houve também aqueles que se queixaram de onde o evento será realizado no próximo ano. E, por fim, os que lamentaram por não ir. Reclamar tornou-se um esporte municipal.
No entanto, um aspecto negativo se mostrou presente durante todo o evento: a falta de higiene. Muitos dos participantes deixaram as ruas próximas e as dependências do Parque de Exposições completamente imundas. Lixo por toda parte. Alguém poderia argumentar que tudo foi devidamente limpo na manhã seguinte, mas o problema está na mentalidade daqueles que agem dessa forma.
Há sempre a crença de que alguém irá limpar e é lamentável constatar essa pobreza de espírito, essa falta de civilidade. Ser capaz de jogar lixo no chão é uma característica que diz muito sobre uma pessoa. Reflete o funcionamento da nossa sociedade, mas também nos mostra que, se cada um de nós mudar, muitas coisas podem melhorar.
Outro hábito prejudicial é a disseminação de informações infundadas, algo típico da preguiça intelectual. Alguns agem assim por negligência, enquanto outros agem de má-fé, espalhando as chamadas “fake news”, um fenômeno que chega a todos os que fazem parte de algum grupo de discussão em redes sociais.
E mesmo que você nunca tenha utilizado esse meio para criticar uma pessoa, uma instituição ou até mesmo um filme ou uma série, certamente
conhece alguém que o faz. Não me entendam mal, é importante expressar críticas e reclamações, mas é fundamental embasá-las em informações corretas. Antes de digitar qualquer coisa em seu celular, informe-se, busque entender do que se trata.
Essa atitude de disseminar informações infundadas é tão prejudicial quanto jogar uma lata de bebida, um copo plástico ou um saquinho de cachorro-quente no chão. Há figuras públicas que despejam lixo diariamente em suas redes sociais, seja por ignorância ou intencionalmente. Não consigo dizer quem são os piores: se aqueles que agem como porcos ignorantes ou aqueles que agem conscientemente como porcos.
O triste é que muitas pessoas compram esses detritos, digo, ideias. É preciso ter cuidado com o que consumimos, saber onde jogamos o canudo de plástico que adquirimos, mas, acima de tudo, devemos ter cuidado com as ideias que compramos daqueles que nos representam, ou querem nos representar.
Esse tipo de pessoa promete resolver nossos problemas, atribuindo a culpa a outros que pensam de maneira diferente. Sujam o mundo com soluções fáceis para problemas muito difíceis e isso só gera mais problemas, tanto para nós quanto para aqueles que têm opiniões diferentes. Somos responsáveis por tudo o que fazemos e também pelos problemas que enfrentamos. Não adianta transferir nossas responsabilidades e culpas para terceiros.
Ao contrário do que diz o personagem Homer, patriarca da família fictícia Os Simpsons, que costuma dizer: “A culpa é minha e eu coloco ela em quem eu quiser!”, precisamos abandonar a busca por um salvador da pátria. Nossos problemas não são causados por aqueles que pensam de forma diferente de nós. É hora de assumir nossa responsabilidade e parar de projetar nossas frustrações. Ou então pegar o caminho mais fácil e mudar para um condomínio em Lagoa Santa. Para quem tem condição, é claro.