O professor Roberto Leles abasteceu seu carro com a gasolina a R$6,97 ontem, quarta (09/3) Na terça, ele esteve no posto e a gasolina havia acabado. Os frentistas disseram que a próxima remessa teria aumento.
Hoje, quinta, anunciados pela Petrobras os reajustes de 18,8% no preço da gasolina e de 24,9% no diesel, longas filas se formaram em postos de combustível em Belo Horizonte. Motoristas tentaram encher o tanque antes que o aumento nas refinarias chegasse às bombas. Em Pedro Leopoldo, no posto Ale, a gasolina já estava sendo vendida a R$7,97. Quase escandalosos oito reais, que deverão se refletir no aumento dos preços em toda a cadeia produtiva, gerar mais inflação e reduzir o poder de compra do povo brasileiro.
Ao mesmo tempo, os sindicatos e associações que representam setores diretamente impactados pelos aumentos passaram a tarde em reuniões, discutindo as providências a tomar para garantir a sustentabilidade de suas atividades. A primeira a se manifestar foi a Associação Nacional das Empresas de Transportes Públicos (NTU), que adiantou: o reajuste de 24,9% do óleo diesel terá um impacto médio de 7,5% no custo das empresas operadoras de transporte coletivo.
Segundo a NTU, os reajustes acumulados do diesel já aumentaram os custos do transporte público por ônibus em 10,6% só este ano e terão que ser repassados às tarifas caso não sejam compensados pelo poder público. O novo reajuste aumentou a participação do diesel no custo geral das operadoras do transporte público, de 26,6% para 30,2% – ele é o segundo item de custo que mais pesa no valor da tarifa, depois da mão de obra.
Já a Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado de Minas Gerais (Fetram) soltou um alerta: o aumento de 25% dos combustíveis vai levar o sistema de transporte público ao colapso, restringindo suas operações em alguns horários nos próximos dias.
A Fetram destacou que os reajustes do óleo diesel, de novembro de 2020 até agora, chegam a “incríveis 101,83%” – o que afetará diretamente a vida de 43 milhões de passageiros em todo o Brasil que dependem deste serviço todos os dias. “A operação ficará inviável economicamente em várias cidades brasileiras, devendo se restringir a horários de pico e deixando de operar em algumas localidades, nos horários deficitários”, diz a nota divulgada pela entidade.
Os novos aumentos encontram cidades como Pedro Leopoldo e Matozinhos, às voltas com grandes dificuldades para manter os serviços de transporte público. E as perspectivas não são nada positivas.