Há alguns anos, fechamos os olhos e a fábrica de tecidos, origem da transformação da nossa região em cidade, foi demolida. Algumas poucas vozes se levantaram contra a destruição da fábrica, que hoje preserva apenas sua chaminé, sabe-se lá em quais condições devido ao trânsito pesado dos ônibus que utilizaram o terreno de nossa história como garagem. Ou às atividades da empresa que esta lá fabricando peças de concreto….
De lá para cá, quantas casas históricas não caíram e sobre seus escombros foram erguidos prédios cada vez maiores? Maiores por fora, vazios por dentro na ausência da memória e no cinza em suas fachadas.
Fechamos os olhos e, neste sábado, acordamos com nossa visão em chamas. Um incêndio consumia uma das poucas construções tombadas de Pedro Leopoldo. Assistimos, mais um vez, inertes, na impotência da longa espera pelos bombeiros, enquanto o fogo consumia nosso passado.
Do filme trágico da realidade, fica uma questão: se não conseguimos cuidar e manter o nosso patrimônio tombado, como estará a conservação do patrimônio material e imaterial que ainda não tem essa classificação e proteção legal? Se a história do centro do município não é preservada, imagine a história dos distritos, das populações periféricas, de todas aquelas pessoas descendentes dos escravizados que viveram aqui e de todos os trabalhadores da antiga fábrica de tecidos…
Passamos por cima da materialidade do passado, erguendo construções modernas, atuais, na eterna procura pelo novo, por um futuro por vir, pelo lucro. Pelo caminho, deixamos os escombros de nossa história e seguimos cegos, sem nos conhecer.
E a partir de agora, qual será o futuro do nosso passado?