A cidade que queremos é a que dança

A cidade que queremos é a que dança

No mês passado, dois acontecimentos distintos marcaram Pedro Leopoldo.  Enquanto um cidadão, em situação de extrema vulnerabilidade social, morria ao relento e de frio nas nossas ruas geladas do inverno, uma criança de apenas dez anos conquistava a oportunidade de entrar, através de sua dança, no famoso Núcleo de Teatro Bolshoi.

Dois fatos que caracterizam a importância do papel do estado e da presença (ou ausência) do poder público em um país rico, porém tão desigual e excludente como o Brasil. E aí resta a pergunta do título deste artigo…qual a Pedro Leopoldo que queremos? Qual a cidade que gostaríamos de ter e ser em um futuro próximo?

Estamos a poucos meses de um centenário que deveria despertar a reflexão de toda comunidade local. Pedro Leopoldo será a cidade em que moradores de rua perdem a vida que já não existia ou será o município de projetos como o “Educação com Arte”, criado pela secretaria municipal de educação e que proporcionou ao garoto Brayan Gabriel desenvolver o seu talento e a sua arte, abrindo a possiblidade de um futuro com dignidade, sucesso e cidadania?

Por ironia do destino, a vida de um ser humano foi perdida embaixo das escadas da Câmara Municipal – “a Casa do Povo” – slogan da sede do poder legislativo local. No mesmo dia, ali tivemos a reunião ordinária semanal e, infelizmente, não houve nenhuma cobrança, proposta ou sugestão por parte dos nossos vereadores para a resolução de tão grave problema.

Um plano de contingência no período do inverno, mapeando quem dorme nas ruas para a distribuição de agasalhos, cobertores e alimentos quentes por parte do setor de assistência social do município. Se os locais usados para dormirem à noite forem muito frios ou insalubres, orientar para a busca de um outro ponto. Medidas simples que poderiam salvar vidas e ser o primeiro passo de uma futura reabilitação e integração social.

Sim, mais adiante é necessário a construção de um abrigo noturno. Já temos uma casa aqui na região central que funciona durante o dia, início de uma tentativa de reinserção comunitária com profissionais das áreas de psicologia e assistência social, dentre outras. É o caminho. Fato é que Pedro Leopoldo não pode ser a cidade que naturaliza a morte de quem se encontra nas ruas.

A terra de Chico Xavier deve ser a da “Educação com Arte”, com dezenas, talvez centenas de Brayans Gabriels no balé, nos esportes, na dança, na ciência, tecnologia, medicina, no direito e na política! A Pedro Leopoldo dos Brayans, Marias e Clarices é a cidade das escolas em tempo integral, abertas para as nossas crianças com os seus pais. Uma comunidade cheia de bibliotecas e com um Ceppel revitalizado, recebendo alunos e alunas para as aulas de natação, música, capoeira, futebol e biologia no seu meio ambiente.

Um espaço de interação e diversidade. De empatia, arte, ensinamentos e reflexão. O centenário de Pedro Leopoldo tem que ser o de uma cidade inclusiva, jamais excludente. E que essa inclusão chegue até nós através da educação com participação popular, com o povo propondo ideias, cobrando e participando da administração pública. A letargia traz a tristeza da morte de um ser humano ao relento. Já a nossa atuação efetiva pode fazer a Pedro Leopoldo que tanto almejamos. Cheia de Brayans!   Que comecemos enquanto é tempo…  Já!

Matheus Borges

Matheus Campos Borges, Servidor Público Estadual, graduado em Jornalismo e Direito com especialização em Direito Civil e Processo Civil.

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