“É uma notícia que surpreende a todos, sobretudo por ser um bom momento para o setor cimenteiro no país, que cresceu quase 20% este ano, na comparação com o mesmo período em 2020”, afirmou a prefeita de Pedro Leopoldo, Eloísa Helena, sobre a possível saída do grupo LafargeHolcim do Brasil e as consequentes incertezas sobre o destino da fábrica de cimento em Pedro Leopoldo. “Lamentamos muito esta possível negociação porque estamos falando de 1600 empregos diretos em todo o país e de uma empresa consolidada em Minas Gerais, com fábricas em Barroso, Montes Claros e em nosso município”, completou.

Segundo a prefeita, a crise gerada pela pandemia em uma economia já estagnada e a baixa competitividade do país têm afastado investimentos estrangeiros. “Vamos aguardar como se dará esta negociação e torcer para que haja o menor prejuízo possível para os trabalhadores da empresa em nossa cidade. Aliado a isto, estamos buscando novos empreendimentos para Pedro Leopoldo e na expectativa de início das operações da Heineken na cidade, empresa com quem estamos conversando frequentemente para que a geração de emprego e renda seja destinada a pessoas do nosso município”, garantiu Eloisa.

A LafargeHolcim tem uma história de quase cinquenta anos com Pedro Leopoldo. Em 16 de janeiro de 1973, foi lançada a pedra fundamental e iniciada a construção da então Ciminas, a segunda grande cimenteira da cidade. Ela veio vinte anos após a Cauê, consolidando a fabricação de cimento como vocação econômica do município nas ultimas décadas. Uma atividade que gerou empregos para duas gerações, além da maior parte dos impostos que financiaram o desenvolvimento da cidade.

A história da Holcim Brasil se inicia no ano de 1951, quando o grupo Holderbank (hoje Holcim) adquiriu a primeira subsidiária brasileira, a Sacomex (Sociedade Extrativa de Calcário Ltda.). Dois anos depois, em 1953, a companhia assumiu a Cimento Ipanema, localizada em Sorocaba, São Paulo, mas as atividades só começaram no ano de 1973, mesmo ano em que o grupo começou as pesquisas na região de Pedro Leopoldo.

Segundo Miguel Munhoz, na época gerente de qualidade da fábrica e posteriormente gerente corporativo, havia o projeto de se instalar uma fábrica no sul de São Paulo, mas os resultados das análises químicas feitas no material da região foram positivos e aí decidiu-se vir pra cá. “Elas mostraram que o calcário daqui é de excelente qualidade”, conta Munhoz. O advogado Luiz Carlos Sena Jerônimo foi contratado para fazer a compra das propriedades da fábrica e da mina, que eram do Senhor Juquita.

A inauguração propriamente dita da fábrica da Ciminas se deu com pompa e circunstância no dia 5 de março de 1975 e teve a presença do govenador de Minas, Rondon Pacheco, recebido pelo prefeito Cesar Julião de Sales. Era tanta gente importante convidada, que Pedro Leopoldo não tinha um espaço à altura do evento e a festa aconteceu na Casa do Baile, na Pampulha.

O diretor técnico inicial foi Nikolaus Boller, que dirigiu a fábrica de Pedro Leopoldo por quase 30 anos. A Ciminas produzia então 2800 toneladas de clínquer por dia. Com as adições de gesso e escória, chegava a 3 mil toneladas ou 90 mil por mês.  Neste início de atividades, a fábrica tinha cerca de 300 funcionários e oferecia os melhores empregos da cidade.