E chegamos ao tão esperado centenário! Cem anos não são cem dias ou mesmo cem meses. É uma marca importante para qualquer município chegar a esta data. A despeito das críticas é necessário sim, comemorar, festejar e trazer o povo para as ruas.
Já o julgamento de que não se deve gastar dinheiro público com tal festejo, diante de outros graves e importantes problemas existentes na cidade, não deve prosperar. Senão vejamos: em primeiro lugar, não se aplica o orçamento anual proposto pelo executivo e aprovado pela Câmara Municipal – para a área da cultura, por exemplo – em uma outra secretaria ou pasta da administração municipal.
Por outro lado; shows, eventos e festas como o aniversário da cidade, Boi da Manta e carnaval, dentre outros, aquecem a economia local. As pessoas gastam e consomem nos setores de comércio e serviços, movimentando as finanças e aumentando a arrecadação de tributos para a prefeitura. É uma questão matemática. Eventos bem organizados não são gastos, mas sim investimentos.
No caso específico do centenário de Pedro Leopoldo, gostaria de ressaltar a preferência por outra forma e conteúdos na organização da comemoração. Os cem anos da Cachoeira das Três Moças mereciam um grande evento genuinamente cultural, como a volta do Festival de Verão por todo o mês de janeiro. Para quem não sabe, no final dos anos 90 e início do século XXI, tivemos vários destes festivais que agitaram os bairros e distritos de PL City.
Seria sensacional um festival com atrações locais e regionais por todos os cantos da cidade, com a festa sendo finalizada com grande show na praça da prefeitura. Sugestão? Jorge Benjor com seus graves, médios e agudos, sacudindo a galera de todas as idades, classes e tribos!
Mas, antes do dia 27, teríamos um Gleison Túlio (como tivemos agora) na praça da estação, um The Fhuntos no parque de exposição, o The Souldiers no CEPPEL, um Lô Borges em Fidalgo, Paulinho Pedra Azul em Doutor Lund, Tadeu Franco em Vera Cruz, Luciene Lemos na Quinta do Sumidouro, Outubro Vermelho, Corporação Musical Cachoeira Grande e tantos outros (as). Rodas de viola, rap, funk, hip hop e samba. Teatro ao ar livre e uma feira literária – “A Feira Literária Zé Issa”! Márcio Barbosa expondo os seus quadros e ensinando arte para as nossas crianças. E assim por diante…
Festa com cultura, aprendizado e valorização dos artistas locais. Algo genuinamente de Pedro Leopoldo. Seria ótimo, daria certo e se assim não foi no centenário, pode ser nos 101 anos. Uma proposta para o ano que vem.
Agora, é fundamental restar claro que a importância das comemorações não afasta a necessidade de fazermos as devidas reflexões sobre os graves problemas do município e as possíveis soluções. Reflexões que inclusive poderiam ser realizadas dentro do Festival de Verão, com a promoção de debates entre especialistas das mais diversas áreas com a população.
Certo é que chegou a hora de uma mudança de mentalidade, com a tomada, pelo povo, das rédeas da construção de sua história. O futuro tem e deve ser construído em coletividade. Questões como democracia direta, orçamento participativo, escolas integrais, médicos de família e medicina preventiva, agricultura familiar, transporte público de qualidade e gratuito e investimentos em empregos, ciência e tecnologia podem e devem fazer parte do cardápio centenário pedro-leopoldense. Para ontem!
Portanto, “nem tanto ao mar e nem tanto à terra”! Comemorar um grande aniversário não quer dizer que se deve varrer os problemas locais para debaixo do tapete. Dá para brincar, ser feliz, refletir, argumentar e achar soluções para as demandas do dia a dia. E tudo isso junto e misturado! É só querer. E que seja assim de agora em diante. Sempre! Parabéns PL! Cem anos não são cem dias!
PL centenária! “Nem tanto ao mar nem tanto à terra”!
Por Matheus Borges - JAN 26, 2024 SEXTA-FEIRA
Matheus Borges
Matheus Campos Borges, Servidor Público Estadual, graduado em Jornalismo e Direito com especialização em Direito Civil e Processo Civil.