Por Márcio de Freitas*
No centenário de nossa Pedro Leopoldo, um dia conhecida como Serventia da Cachoeira das Três Moças, ou para alguns vizinhos invejosos de nossos atributos, simplesmente Vila D`Agua, mais do que nunca é necessário valorizar o que temos. E olha que não é pouco: para nosso deleite e orgulho, PL traz em sua centenária história alguns recordes que mereciam ter sido muito celebrados, valendo de início destacar que estas comparações levam em conta a população da cidade naquele momento histórico. Isto posto, vale perguntar: você sabia que…
PEDRO LEOPOLDO FOI A CAPITAL NACIONAL DA MAGISTRATURA DE ULTIMA INSTÂNCIA – Nos anos 1990, tivemos dois pedro-leopoldenses ocupando uma cadeira na mais alta Corte da Justiça do Trabalho, como ministros do Tribunal Superior do Trabalho (TST): os brilhantes Mestres e Drs. José Luciano Castilho (in memorian) e Carlos Alberto Reis de Paula, que, diga-se de passagem, tive o privilégio de ter como professores no Colégio Imaculada Conceição. A constatação obrigatória é a de que nenhuma outra cidade do país tinha simultaneamente a relação de 1 (um) Ministro de Tribunal Superior para um conjunto de 20.000 habitantes.
PEDRO LEOPOLDO nos anos 1970/1980 FOI A CAPITAL MUNDIAL DO FUTEBOL – Na virada dos anos 1970/1980, Pedro Leopoldo era de longe a capital mundial do futebol, fato que infelizmente a cidade nunca soube monetizar, de novo ressaltando que a correlação é entre fato histórico e a população da época. Nossa cidade naquele período teve um número inimaginável de profissionais do futebol, chegando ao inacreditável número de 25 (vinte e cinco) atletas jogando simultaneamente. A fama era tanta, que nossos aspirantes a craques, quando faziam as “peneiras” na capital, faziam questão de dizer que eram daqui – o que valia quase como um passaporte de suas habilidades futebolísticas.
O renomado jornalista esportivo Jairo Anatólio Lima (Rádios Guarani e Inconfidência), quando se referia a Pedro Leopoldo, complementava: “Cidade celeiro de craques”. Certamente, a relação de atletas a seguir, ajuda-nos a explicar o adjetivo; Emilio – Vítor Braga – Pedro Paulo – Tonhão – Cesinha – Nelson Tôrres – Antônio Tôrres – William Bocão – Maurício Pote – Popô – Dirceu Batista – Geremias – Elisio Salomão – Carlos Candeia – Guta – Deusdete – Timbira – Iauca – Pedrilho – Luiz Candeia – Luizinho Bocão – Gilsão – Marcelo Oliveira – Campos e Dirceu Lopes.
Alguém poderia questionar que, mesmo assim, não seria exagerado o título de capital mundial? De jeito nenhum. Nessa época tivemos, simultaneamente em atividade, 05 (cinco) pedro-leopoldenses que serviram à Seleção Nacional (Vítor Braga, Pedro Paulo, Campos, Marcelo Oliveira e o príncipe do futebol – Dirceu Lopes). Para uma população próxima dos 30.000 habitantes, a correlação era de um jogador da seleção para cada 6.000 (seis mil) habitantes – sem medo de errar, podemos afirmar que, naquele momento, PL foi a Capital Mundial de Futebol.
É sabido que o futebol é de longe a maior indústria de entretenimento do mundo, movimentando economias e bilhões de dólares/euros. A título de exemplo, se a União Europeia de Futebol (UEFA) fosse um país, ela seria superada em seu PIB apenas por outros 95. Com esse potencial inexplorado, é de se imaginar o quanto PL deixou de ganhar com a maior indústria de entretenimento do mundo.
PEDRO LEOPOLDO É A TERRA NATAL DE CHICO XAVIER
Somos a terra natal de um dos maiores líderes espirituais contemporâneos, do Brasil, e quiçá do Mundo, o extraordinário Chico Xavier, Não importando a que segmento religioso se possa referir, o fato de Chico Xavier ser nosso conterrâneo nos credencia a afirmar que PL é também a Capital Nacional dos Espíritas.
PEDRO LEOPOLDO FOI CAPITAL NACIONAL DA PRODUÇÃO DE CIMENTO
Nos anos 1980/1990, duas das maiores fábricas de cimento do país (Cauê e Ciminas) produziam a todo vapor em nossa cidade e a correlação Toneladas de cimento produzidas X número de habitantes nos colocava no topo do ranking, como a Capital Nacional da Produção de Cimento. Contudo, essa é mais uma liderança que nunca soubemos aproveitar corretamente, apesar de saber que naquele período, e graças a essas empresas, figuramos no top 10 da arrecadação de ICMs do estado. Contudo, como toda atividade extrativa, a produção não é infinita. E mesmo no auge da produção dessas fábricas, grandes equipamentos públicos foram construídos aqui à base de ferro e aço, o que nos remete ao surrado ditado popular – EM CASA DE FERREIRO O ESPETO É DE PAU.
E o que é ainda pior, apesar dessas fábricas exportarem cimento para todos os estado do Brasil, uma observação atenta das construções de residências em nossos bairros e periferia mostrará que, na grande maioria das casas e barracões, as paredes são erguidas com tijolos aparentes e sem reboco.
Por tudo isso, celebrar o CENTENÁRIO deve ser um momento de alegria e reflexão, sem esquecer de buscar lições em um passado subaproveitado para projetar um futuro melhor para nossa PL.
*Márcio de Freitas Guimaraes é Técnico Contábil pelo Imaculada Conceição, Graduado em Direito pela UFMG e Graduado em Auditoria de Controles pela FGV.