No Brasil, as mulheres ganham, em média, 22% a menos que os homens Ainda é longo o caminho para a igualdade entre os gêneros, por mais que as mulheres sejam a maioria nas salas de aulas e, consequentemente, entre os trabalhadores com nível superior. No entanto, a igualdade de gênero em chefias só acontecerá em 257 anos, diz matéria do jornal O Tempo, deste domingo, 08/03, dia internacional da mulher. Não à toa, uma mulher poderosa, Cristina Peduzzi, a primeira presidente do TST, reconheceu: as mulheres têm que trabalhar mais que os homens para ter o mesmo reconhecimento.
Algumas viveram em tempos mais difíceis e foram pioneiras, como Zélia Cerqueira Barbosa. Em uma época que as mulheres não estudavam, Zélia tinha 15 anos e completava o ginásio quando entrou pela primeira vez, como professora, em uma sala de aula. Saiu sessenta anos depois, ao se aposentar como diretora da Fundação Pedro Leopoldo. Mesmo escolhendo uma carreira considerada feminina – a educação – ela chegou à direção de uma faculdade, a primeira e única de nossa cidade, que ela tomou como missão reerguer, quando a escola estava quase fechando.
Juntando-se a um grupo de idealistas, não mediu esforços para transformá-la em um instituição que, se atualmente passa por dificuldades – como todas aquelas que sofrem os efeitos da crise econômica – é inegavelmente uma escola respeitada e um centro de educação de qualidade. Para cada curso conquistado – e foram muitos como o de Administração, Direito, Contábeis, Logística, o Mestrado, entre outros – lá ia Zélia atrás de qualquer um que pudesse ajudar, fosse em Pedro Leopoldo ou em Brasilia. Com talento para sensibilizar e mobilizar, cumpriu sua missão.
Com inacreditáveis 83 anos, completados em janeiro, Zélia fez todo o percurso de uma educadora: deu aulas para alunos do jardim de infância, primário e ginásio (os dois hoje compõem o ensino fundamental), ensino médio e faculdade. E nunca teve dúvidas: “não há nada mais gratificante do que ser professora”, disse à revista AQUI PL em 2013.
Que o digam aqueles que, graças ao seu conhecimento, mudam o mundo para melhor. Cientistas, inventores, projetistas, calculistas, grandes humanistas tiveram no início de tudo simplesmente um lápis, um caderno, uma borracha e uma carteira. Mas principalmente uma professora como Zélia Cerqueira. Uma mulher que desafiou seu tempo para criar uma cidade melhor, ao deixar sua marca na trajetória dos pedro-leopoldenses que, graças a ela, tiveram acesso ao conhecimento.