Artigo de Rogério Tavares
Hoje em Pedro Leopoldo, somente Fidalgo e Quinta do Sumidouro são abastecidos por poços artesianos. Outros bairros da cidade são abastecidos pelo Sistema Integrado Metropolitano através dos grandes reservatórios da bacia do Rio Paraopeba. São águas provenientes de outra bacia, com distâncias superiores a 50 km dos Reservatórios Rio Manso em Brumadinho, Serra Azul em Juatuba e Vargem das Flores em Betim.
A adutora deste sistema chega na sede municipal passando pelo vale do poluído Ribeirão das Neves em Vera Cruz, Tapera e Santo Antônio da Barra. Estamos vulneráveis aos riscos de rompimento de barragens como houve em Brumadinho. Um sistema tão grande acaba distanciando a população da cidade de se conscientizar sobre o valor de suas nascentes e cursos d’água. Eles são estratégicos para garantir a autonomia do município na hora de fechar um bom contrato por 30 anos de concessão do serviço de abastecimento de água e seu tratamento de esgoto.
E não precisa ser obrigatoriamente com a Copasa. A cidade de Itabirito tem hoje um serviço de água e esgoto (SAAE) municipal modelo, que já iniciou, através de parcerias, a remuneração de produtores de água no município.
Mas vejamos a situação de Pedro Leopoldo. De um lado, temos as diversas nascentes existentes na APEE- Área de Proteção Especial Estadual do Ribeirão Urubu, criada com a finalidade de proteger o manancial de abastecimento da região no entorno do aeroporto internacional em 1980. De outro temos águas subterrâneas como reservas estratégicas que necessitam também de regulação dos usos.
Um exemplo de como cuidar desses mananciais é necessário está em Sete Lagoas, onde houve rebaixamentos do lençol freático e tremores de terra. Um novo sistema foi construído para buscar água poluída em Jequitibá, para depois tratar e distribuir de forma a complementar o sistema. São reservas estratégicas que necessitam de recarga, gestão e fiscalização, o que hoje é bem precário. Poços artesianos de grande volume no Carste também tem sido alvo de olhar estratégico na discussão da segurança hídrica da RMBH.
2028 marca o fim do contrato com a Copasa e já está aí! Urge a contratação de um estudo de viabilidade financeira e econômica deste serviço de forma autônoma, com águas provenientes do território de Pedro Leopoldo. Na véspera dos seus 100 anos, isso seria um belo presente e um ótimo investimento. Ao invés de terceirizar o serviço para outra empresa, estatal ou privada, nós mesmos podemos fazer a gestão e a distribuição da nossa água. Um serviço municipal de saneamento pode trazer recursos para o município e ser acompanhado de perto por seus usuários e donos, a população de Pedro Leopoldo.
Para quem não conhece: vale analisar atrasos e avanços do plano de saneamento básico de Pedro Leopoldo, elaborado através do CBH Rio das Velhas em 2015 com recursos arrecadados pela cobrança pelo uso da água. O plano de saneamento contempla os temas: abastecimento, esgoto, resíduos, drenagem urbana e aguas pluviais. Confira neste link.