Nos espaços destinados às discussões políticas em Pedro Leopoldo, comumente tem sido negada qualquer pauta que não seja de “escala municipal”. Me preocupa bastante, já que, como tratar do município sem que dialoguemos sobre questões estaduais, nacionais e até internacionais, que claramente tem impactos em Pedro Leopoldo, mesmo que indiretamente?
De fato há questões relativas às peculiaridades da cidade de Pedro Leopoldo e seus habitantes, porém não cabe negarmos totalmente as influências externas de escalas maiores aqui, já que não vivemos em um mundo paralelo em que somos totalmente independentes e autossuficientes – logo estamos passíveis de questões que vão além dos nossos limites administrativos.
Um exemplo disso é a atual crise financeira em que Pedro Leopoldo se encontra, podemos dizer sim que é a falta de habilidades administrativas e políticas da atual e anteriores gestões, mas seria irresponsabilidade não colocar na conta desse delicado momento, por exemplo, o esgarçamento do Pacto Federativos e suas contradições, a falta de repasses ao Município por parte do Governo do Estado, e, além disso, as atuais crises financeiras e institucionais que tem conturbado o país (sem contar com as ações equivocadas por parte do atual (des)governo). E, lógico, na conta também está o atual fracasso do neoliberalismo na América Latina, a guerra comercial entre a China e os EUA, e por assim vai.
Ou seja, estamos condicionados por todos os níveis da sociedade, não nos cabendo nos isolar nas nossas análises conjunturais e estruturais. Sendo assim, me veio à mente os motivos pelos quais esse “discurso ilhado”, se assim me permitem chamar, vem ganhando força logo agora perto das eleições municipais, o que parece meio óbvio. Mas além da questão eleitoreira, também podemos dizer que faz parte dessa guerra ideológica, das desinformações e do esvaziamento do debate político dos dias de hoje.
Em tempos de fascismo institucional explícito, onde se troca o diálogo e o debate saudável por atitudes violentas – verbais ou não verbais – e pelo ódio escancarado, há aqueles que ainda agem na “implicitude” nos espaços destinados ao debate político. Penso que quanto menos formos instigados a relacionar temas diferentes que se complementam e afins, seremos expostos a uma vulnerabilidade intelectual que dificulta a construção de uma sociedade mais justa e popular. Assim, nos deixando aquém de projetos autoritários (até explícitos), nos deixando iludidos com cinquenta e cinco ideias, como também, detestando, mesmo que sem saber os reais motivos, os partidos de esquerda, principalmente o Partido dos Trabalhadores, do qual faço parte.
Nesse sentido, compreendo que no momento em que entendermos a correlação das escalas políticas, entenderemos também, por exemplo, que quando o Governo Federal não prorroga o Fundeb, está impactando a educação municipal e estadual, ou que a falta de remédios nos postos de saúde e farmácias populares são consequências diretas da PEC do Teto de Gastos.
Desta forma, vejo a obrigação dos atores políticos de Pedro Leopoldo se colocarem como vetores desse discurso crítico, enriquecendo e estimulando o debate político, e não mais o negando. Que esse discurso estimule nossa população a fazer suas auto-críticas e as coloquem em prática, para que não cometamos os mesmos erros, assim sendo necessário sempre dialogar com questões municipais e não municipais. Lutemos!
Gael Silveira, Poeta, Graduando em Geografia pela UFMG, Militante da DiverCidade PL e Secretário de Movimentos Populares do PT – PL.
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