Modicidade – é com este conceito que o prefeito Emiliano Braga assume a questão das tarifas de transporte público a partir do dia 1º de janeiro. Como o próprio nome diz, elas terão preços módicos, ou, segundo Emiliano, “extremamente baixos para a população”. O objetivo é garantir que os serviços sejam oferecidos a preços justos para os usuários, promovendo o acesso amplo ao transporte coletivo, mas sem comprometer sua qualidade e eficiência. Um ganho adicional, sustenta o novo prefeito, é ampliar o universo de pessoas que passam a se deslocar para a sede do município, com consequências positivas para as atividades comerciais e de serviços.
Emiliano e o vice Leozão anunciaram na semana passada que já estão conversando sobre o assunto com a empresa Unir, responsável pelo serviço na cidade. Eles solicitaram um estudo que inclua medidas tais como a redução da tarifa para R$3,00 nos dias úteis, 30 horários a mais durante a semana e a implementação de uma tarifa especial de R$1,00 aos domingos, para incentivar o uso do transporte público em atividades de lazer e cultura.
AQUI PL – O que a nova administração pretende com estas iniciativas?
Emiliano – Nosso objetivo é facilitar e incentivar o deslocamento das pessoas, do centro para os bairros, dos bairros para o centro e dos bairros para os bairros. Queremos garantir o direito fundamental de ir e vir dos pedro-leopoldenses, ampliando seu acesso a serviços públicos e privados, normalmente concentrados na região central da cidade. Os benefícios incluem também o aquecimento da economia municipal, na medida em que uma parte importante da população passa a se deslocar e consumir no município, fomentando o comércio e os serviços locais.
AQUI PL – O senhor poderia dar um exemplo de localidades que não contam com transporte público regular?
Emiliano – Centenas de famílias na Quinta das Palmeiras, por exemplo, não vivem a vida de Pedro Leopoldo. Elas trabalham, fazem compras e utilizam serviços de São José da Lapa ou Belo Horizonte, porque, de Pedro Leopoldo para a Quinta das Palmeiras, só existem duas linhas funcionando, na quinta e no domingo, ou seja, o deslocamento para cá fica restrito a estes dias. Em compensação, elas têm transporte público todos os dias para São José da Lapa e Belo Horizonte. Acabam trabalhando, indo ao dentista, ao fisioterapeuta, comprando uma havaiana nestas cidades, deixando de ter uma vida econômica e social em Pedro Leopoldo, município ao qual a localidade pertence.
AQUI PL – Tem também a questão do quadro de horários, que é restrito em alguns locais…
Emiliano – Exatamente. Em regiões como Fidalgo e Quinta do Sumidouro, nós percebemos que há grande desemprego entre os jovens, mesmo que Pedro Leopoldo viva uma situação de pleno emprego. Estes jovens são privados, por exemplo, do primeiro emprego oferecido por supermercados e farmácias, porque estas empresas encerram as atividades mais tarde, por volta de dez da noite, quando não há mais horários de ônibus, ou seja, eles não conseguem voltar para casa.
AQUI PL – Já existe um plano de mobilidade urbana, contratado pelo governo Eloísa junto ao Cefet. A nova administração vai aproveitá-lo?
Emiliano – A estratégia de contar com estudos de Cefet e UFMG, com preços mais baixos, de parceria, não tem dado certo. Os prazos estão muito alongados e a cidade se ressente de uma organização no setor, com o problema se eternizando. Estamos estudando a contratação de um instituto de pesquisa na área, que vai construir todo um novo plano de mobilidade, além de fazer um estudo sobre o transporte público e resolver esta questão de uma vez por todas. Enquanto isso, nossa expectativa é aditar o contrato da Unir, que vence no dia 31 de janeiro, de forma emergencial, até que o novo estudo e o processo de licitação estejam concluídos.
AQUI PL – A redução nas passagens implicará em aumento do subsídio concedido à Unir? Quanto é hoje? Quanto passará a ser?
Emiliano – Sim, para reduzir o preço das passagens, haverá um aumento nos subsídios hoje são concedidos, que giram em torno de 269 mil/mês. Vamos ter que fazer um grande esforço, tendo em vista a situação econômica complicada em que vamos encontrar a prefeitura. É sabido, e a própria gestão atual assume isso, que vamos pegar a cidade com algumas dívidas. Nós vamos equacionar os pagamentos com os credores, mas é importante salientar que os investimentos em políticas públicas de mobilidade trazem, além de ganhos sociais e de qualidade de vida para a população, também avanços econômicos. Ou seja, a cidade ganha com a passagem mais barata. Vamos ter um aquecimento da economia, com o aumento do mercado consumidor a partir da maior movimentação de pessoas, principalmente dos bairros que hoje são pouco atendidos pelo transporte público municipal.
AQUI PL – A nova administração já tem ideia de quanto passará a ser este subsídio à empresa de ônibus?
Emiliano – Ainda não temos ciência. Nós pedimos um estudo à própria empresa, que virá com um levantamento destes custos e vamos avaliar, junto às secretarias de Fazenda e Segurança Pública, se são coerentes com o que já se paga. Ao mesmo tempo, estamos aguardando tomar posse para sentar com o pessoal do Cefet. O que nos chegou da audiência pública realizada na rodoviária não foi muito esclarecedor. Mas temos que ter cautela. Vamos conversar com os professores e técnicos e entender o que eles têm a relatar. A intenção é aproveitar tudo o que já foi feito, inclusive porque foram investidos tempo dos servidores e recursos públicos no projeto.
AQUI PL – E se for necessário um novo estudo, como ele será feito?
Emiliano – Se for feito um novo estudo, e é preciso salientar que a nossa intenção é fazê-lo, queremos que ele seja uma solução definitiva para as questões de mobilidade urbana. Neste momento, estamos conversando com instituições que tenham cases de sucesso em outras cidades e experiência suficiente para nos trazer segurança no processo. Queremos um estudo que tenha conexão com várias áreas. Não adianta fazer um estudo de mobilidade que não pense na questão do turismo ou que desconsidere as famílias da Quinta das Palmeiras. Queremos principalmente que ele vise não apenas o presente, mas que faça uma projeção concreta de futuro, de onde a gente quer ir, estimulando o desenvolvimento de segmentos que possam empregar os jovens e os adultos que hoje procuram trabalho em outras cidades.
AQUI PL – A tarifa módica seria um primeiro passo para a tarifa zero?
Emiliano – É cedo para avaliar. Existem cidades que pararam na tarifa módica e deu muito certo, existem cidades que evoluíram para a tarifa zero e também deu certo. Existe a possibilidade de evolução, mas vamos analisar os dados antes de qualquer próximo passo. O importante é trazer soluções para a mobilidade em Pedro Leopoldo, de maneira a beneficiar de maneira concreta a população.