O que leva uma pessoa a ser protetora dos animais; conheça algumas histórias

O que leva uma pessoa a ser protetora dos animais; conheça algumas histórias

A Organização Mundial da Saúde estima que, só no Brasil, existam mais de 30 milhões de animais sem um lar, sendo 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães. De todos estes bichinhos abandonados, 90% ficarão nas ruas.  O “fenômeno pet”, que trouxe cães e gatos para o convívio familiar, não previu estruturas de prevenção ao abandono e à superpopulação. Cachorros são jogados às ruas porque seus donos não podem alimentá-los, mas também por terem vindo com “algum defeito” ou não poderem procriar, se tornando “inutilizáveis” para seus donos.

Pesquisas do IBGE mostram que o Brasil tem 52 milhões de cães e 22 milhões de gatos domiciliados. Muitos deles podem, por vários motivos, se tornarem indesejáveis e ir parar nas ruas. Daí a importância do trabalho dos cuidadores, pessoas que tentam minimizar esta situação ao, voluntariamente, ajudar os animais abandonados a encontrarem uma família. Nós ouvimos falar muito deles pelas redes sociais: são pessoas que se sensibilizam com o drama dos animais e dão comida, banho e carinho, além de cuidar de sua saúde. Paralelamente, correm atrás de voluntários que possam ajudar financeiramente ou na busca por um novo lar para estes bichinhos. Conheça aqui as histórias de alguns desses cuidadores.

O bom adotante é a maior alegria

“Sempre tive cachorros, desde criança, mas a proteção veio com o passar dos anos.  Faço parte de um grupo de amigos protetores mas, no início, eram somente eu e meu esposo Mário. No inverno de 2014, abandonaram uma linda cadela no meu bairro, mestiça de pastor; cuidei dela debaixo de um ponto de ônibus, ela muito carinhosa receptiva, carente e infelizmente doentinha. Com o passar do tempo, consegui uma adoção para Diana, como a chamamos, mas infelizmente a leishmaniose já estava bem avançada e a perdemos. Desde essa época não parei mais. Onde morava, cuidava de todos que surgiam e os encaminhava. Depois, veio a Crespinha que ficou prenha e teve 5 filhotinhos. Na época, tivemos uma ajuda maior com lar solidário. Fizemos feira de adoção e foi tudo muito bem encaminhado. Nosso record foi em 2017, foram tantos que perdi a conta, mas veio diminuindo, com o passar dos anos, por falta de recursos, falta de lares solidários, falta de adotantes sérios… Nossa dificuldade é sempre um lar solidário, acumulei doze cães por causa disso, resgatei, tentei adoção e nada. Foram ficando, hoje estou com onze e uma em lar temporário que pagamos por mês; desses, somente três estão para adoção. Nossa maior alegria é quando resgatamos e logo aparece aquele que se encaixa no perfil de “adotante”, pessoa disposta a entender o momento, a adaptação, não deixar faltar nada, cuidar principalmente quando adoecer, dar amor, dar carinho, dar saúde, ser responsável.  Nossa tristeza é quando os vemos nas ruas e não conseguimos ajuda para resgatar. Aí são noites sem sono, sem fome, sem motivação, desânimo total. Mas não vou desistir. Deus me destinou a isso e vou lutar até o fim dos meus dias…” (Gisele Carvalho)

Mais alegrias que tristezas

“Iniciei  meu trabalho voluntário após adotar a minha primeira cachorrinha. Isso foi há 6 anos. Como ela trouxe muita alegria pra minha casa, queria que outras pessoas experimentassem essa sensação. Nessa causa, tenho tido mais alegrias que tristezas, mas não é fácil. Por ser um trabalho voluntário, não tenho nenhum recurso financeiro, conto somente com a ajuda de amigos e com Deus. E nós precisamos de ajuda financeira para custear lar temporário, castração, consultas veterinárias, medicamentos e ração. Uma ajuda importante é a castração gratuita por mutirão ou constantemente. Gostaria de deixar bem claro que esse é um trabalho voluntário e que não existe em nossa cidade um local para abrigar os cães abandonados. Ajudamos as pessoas a cuidar dos cães, mas cada um é responsável pelo seu animal de estimação“. (Karine Martins)

Não tem SUS para eles

“Eu fico com o dog, cobro por mês até conseguir uma adoção responsável; o tutor responsável pelo resgate me paga a diária e a ração.  Ofereço o hotel que seria minha casa para os tutores deixarem os animais aqui quando precisam viajar. Já fiz muito resgate e depois de ficar com uma dívida muito alta por causa disso, eu parei. Eu os ajudo, inclusive estou com uma que era LT de favor, não cobrei nada e acabei ficando com ela. Vou fazendo o que está ao meu alcance.  Tem muita gente que acha que, como somos protetoras, temos que assumir tais responsabilidades com os animais, mas existem gastos e esses gastos são altos, é tudo particular, no dinheiro ou cartão,  não tem o SUS para eles.” (Rose Santos faz o trabalho de LT, lar temporário pago)

Projeto de resgate reconhecido

“Comecei a defender a natureza e os animais muito cedo mas, quando mudei para Pedro Leopoldo, observando a poluição das cimenteiras, os incêndios florestais na época não combatidos, animais silvestres e domésticos  atropelados e não socorridos, além de inúmeros acidentes de trânsito na rodovia MG 424 e a demora no socorro, em que as vítimas sofriam e as vezes eram socorridas sem as técnicas necessárias, idealizei o projeto Moto Resgate Voluntário em 2006. Desde então realizei 444 atendimentos em acidentes diversos, 1227 combates a Incêndios Florestais, 27 combates a Incêndios urbanos (residências, indústrias, veículos) e centenas de resgates, capturas em áreas urbanas, solturas e entrega para o Ibama e áreas de matas de animais e aves silvestres, muitas vezes feridos, atropelados ou até vítimas de caçadores ilegais. Hoje o projeto é conhecido e reconhecido em nível federal e até internacional e receber importantes premiações das autoridades públicas e da sociedade pelo trabalho de ajuda humanitária e no resgate de pessoas e animais em Mariana e Brumadinho, entre outras tragédias.”  (Denis Aparecido Valério – Ambientalista e Socorrista Voluntário.)

Procura-se pessoas boas

Era uma vez uma linda cachorrinha que vivia pelas ruas. Ela habitava, livremente, os espaços públicos, mas gostava mesmo era de ficar na calçada, em frente a minha loja, observando todos que passavam por lá. Seu jeito especial de ser conquistou meu coração. Um dia, ela teve, ali mesmo, sete filhotinhos lindos e eu os levei para minha casa. Consegui doar seis e fiquei com um. Certo dia porém, encontrei um deles vagando triste pelas ruas e o levei de volta para minha casa. Em seguida, vendo a mãe deles ainda em situação de abandono, levei-a também. Logo resolvi castrá-la mas, para minha surpresa, a cachorra estava para ter mais sete cachorrinhos. Acolhi essa linda família animal, mas não tenho como ficar com todos eles que já cresceram, precisam de espaço para correr e brincar. São muito bem cuidados e os machos são todos castrados. Agora procuro pessoas boas para adotar seis deles e cuidar com amor. Um desses já havia até encontrado um lar, mas não foi uma adoção responsável, estava abandonado e o recolhi da rua. (Juliana Batista Alves)

Sonhando com um abrigo

“Sempre tive o privilégio de enxergar além do que os olhos enxergam,  é algo inexplicável e tenho um prazer enorme em ser útil para quem precisa. Passei minha juventude por muitas vezes em hospitais, acompanhando pessoas acamadas e sempre estou encontrando situações como famílias doentes precisando de remédios ou passando necessidades.  Peço ajuda aos familiares, amigos e pessoas dos meus contatos e consigo levantar valores para poder ajudar. Mas,  há uns quatro anos, comecei a reparar como os animais de rua sofrem maus tratos, fome, sede e frio.  Comecei a fazer um pouquinho por eles, levar ração, procurar quem adote, porque, na verdade,  meu sonho é dar um abrigo para eles.” (Marisa Barros)

Respeito que perpassa gerações

Desde pequeno sempre fui muito apaixonado por animais, fui criado em um sítio onde convivia com dezenas de animais, principalmente cachorros. Lá, eles tinham alimento em abundância, meu pai os criava muito bem; isso foi passando de geração em geração, temos um enorme respeito pelos animais. Conforme fui crescendo, notei a necessidade que nosso município tem de ter um cuidado e atenção maior com nossos animais, pois vi que há muitos abandonados nas ruas e sem alimentação. Então, desde o ano de 2012, comecei a alimentar esses animais que eu via passando fome por nossa cidade. Por não ter espaço em minha casa, vi que não podia resgatar e trazer para casa, mas podia alimentá-los. Sendo assim,  passei a pedir ajuda a amigos para as rações e a mapear toda cidade com pontos estratégicos para alimentar os bichinhos. Tenho uma parceria importante com a ONG Proteger que, nesses anos todos, me ofereceu apoio em resgate de animais. Meu trabalho é voluntário e minha recompensa é o bem estar desses animais, a felicidade no brilho dos olhinhos deles e a gratidão de ajudar seres que tanto amo.” (Paulo Valiceli)

 

Eliane Matilde

Eliane Matilde é mulher, mãe e professora mas, fundamentalmente, uma pedro-leopoldense que luta por sua cidade

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