Fui surpreendida pelo convite para escrever sobre o que é ser funcionário público e passei a pensar detidamente sobre o assunto. Ocupo o cargo de assessora da primeira instância do Tribunal de Justiça de Minas Gerais desde 9 de abril de 2012, na 5ª Vara de Família de Belo Horizonte. Nestes onze anos e meio, tenho aprendido que lá estou para servir ao público, que, no nosso caso, é o jurisdicionado.

A palavra servir tem muitos significados, mas, diante das muitas adversidades que encontramos no ambiente profissional tão competitivo, faço questão de sempre me lembrar que lá estou com o propósito de servir, especialmente por se tratar de uma vara de família, para onde são remetidos processos que envolvem demandas familiares de diversos aspectos. Estes processos não são apenas números. São conflitos familiares muitas vezes carregados de ressentimentos e de sentimentos que se misturam entre ódio, amor, frustrações, desilusões, decepções, raiva, tristeza e tantos outros.

Ao analisar estes processos, sempre tenho em mente que estou conhecendo a vida das pessoas que querem, assim como todos nós, ser felizes. Isso porque as partes na vara de família entregam para o Juiz todos os seus problemas, sua história e suas dificuldades porque não conseguiram resolver seus problemas sozinhas.

Muito embora seja comum atualmente a crítica ao Poder Judiciário, tive a grata experiência de trabalhar com juízes conscientes de sua função e que levam a sério o seu papel na magistratura.

O filósofo alemão Berth Hellinger afirma que aprendemos a servir com a mãe. Segundo ele, a mãe é nosso primeiro exemplo do que é servir. A mãe se dedica ao filho incondicionalmente desde o ventre, segue o fazendo nos primeiros de vida com total abnegação e, mesmo após o filho se tornar adulto, a mãe está sempre à disposição.

Como cristã e seguidora da Doutrina Espírita Kardecista, também aprendo que o maior exemplo de amor que já esteve presente na humanidade é o do Mestre Jesus Cristo, que a todos sempre serviu e aqui esteve para deixar seu testemunho de amor e fé.

Além de aprender a servir com minha mãe, também tive oportunidade de aprender com meu pai, com quem trabalhei por muitos anos. Ele servia ao Cooperativismo, do qual sempre foi um amante; servia aos seus clientes como contador e dedicava-se à comunidade, sempre participando de grupos de serviços, além de sempre servir à família à qual se dedicava em primeiro lugar.

Então, todos os dias no meu trabalho, penso que lá estou a serviço do jurisdicionado e ao analisar aqueles processos, cabe a mim como servidora pública olhar com respeito para a história de cada uma das partes, ajudando sempre o Juiz a cumprir sua missão na busca pela solução do conflito, já que as decisões por ele proferidas irão impactar na vida daquelas pessoas.

Além das partes, sempre procurei respeitar os advogados que estão a serviço de seu cliente e que também são meus colegas, pois, antes de ser servidora pública, fui advogada e conheço as dificuldades da profissão. Enfim concluo que cabe a mim servir ao público com seriedade, compromisso e respeito ao jurisdicionado e é o que procuro fazer todos os dias de trabalho.

Parabenizo a todos os servidores públicos pelo seu dia e agradeço a oportunidade de compartilhar com todos os leitores essa minha experiência.