O arame farpado é uma presença constante na obra do artista plástico Márcio Barbosa. Apesar da temática torturante, o artista é bem humorado, curioso e interessado nas coisas da vida, da cidade e do país. E, como tal, fez das formas do arame uma referência à famosa pintura de Tarsila do Amaral que é também a mais cara obra de arte do país: Abaporu, considerada símbolo do Movimento Modernista Brasileiro, que teve suas origens na Semana de Arte Moderna de 2022 – portanto, há um século atrás.
O nome da obra é de origem tupi-guarani que significa “homem que come gente”. Foi pintada por Tarsila em 1928 e oferecida ao seu marido, o escritor Oswald de Andrade. Os elementos que constam da tela, especialmente a inusitada figura, despertaram em Oswald a ideia de criação do Movimento Antropofágico, que consistia na deglutição da cultura estrangeira, incorporando-a na realidade brasileira para dar origem a uma nova cultura transformada, moderna e representativa da nossa cultura.
Na pintura vemos um homem com grandes pés e mãos, o sol e um cacto. Estes elementos podem representar o trabalho físico que ocupava a maioria da população naquela época. Por outro lado, a cabeça pequena pode significar a falta de pensamento crítico, que se limita a trabalhar com força mas sem pensar muito, sendo então uma possível crítica a uma sociedade alienada. Que, aliás, é mais atual do que nunca, quando as pessoas, alheias à realidade, estão mais interessadas em discutir as platitudes do Big Brother do que o futuro do planeta em meio a um grande conflito econômico e bélico. (com informações do site História das Artes)