Assim que a Heineken anunciou que não construiria sua fábrica em Pedro Leopoldo, surgiram cidades de todos os cantos, mostrando suas qualidades para abrigar o empreendimento holandês. Enquanto isso, os pedro-leopoldenses, atordoados, viam escapar pela janela o maior investimento de sua história. A reação não tardou. Uma peça publicitária, semelhante às de outras cidades, surgiu nas redes sociais, pedindo à Heineken que cumpra o planejamento inicial e se instale aqui.
Afinal, não há lugar melhor que PL, que tem uma logística excepcional, para um investimento como esse: a cidade está ao lado do aeroporto, da capital de Minas e de rodovias com pista dupla que se integram à terceira região metropolitana do país, com 5 milhões de habitantes.
A manifestação realizada na manhã deste domingo, 19/12, foi reflexo concreto desta campanha. Profissionais liberais, jornalistas, publicitários, empresários, políticos, operários, enfim, a grande maioria dos cidadãos da cidade se juntaram no esforço para manter aqui o investimento de quase R$ 2 bilhões. Mesmo que não estivessem no ato “Fica Heineken Pedro Leopoldo”, que reuniu todas as correntes políticas, das ligadas a Marcelo às de Emiliano, passando por aliados de Tadeu e Marião, além de centenas de pessoas na Praça Francisco Xavier.
A manifestação a favor da construção da fábrica da Heineken no município foi noticiada em vários veículos de imprensa estaduais e nacionais, como O Tempo, Estado de Minas, Rede Globo. “Para o Estado pouca diferença faz se a fábrica for construída aqui ou no Sul. Mas, se a Heineken escolheu Pedro Leopoldo, é aqui que ela vai ficar. Vamos lutar para isso”, disse a prefeita Eloisa Helena, discursando durante o ato.
“Nós não desistimos”, confirmou o empresário Emiliano Braga, do movimento #euqueroaheinekenaqui, em entrevista à rádio Itatiaia. “Nossa esperança é mostrar que, em Pedro Leopoldo, nós nos unimos em favor de sua instalação. São pessoas de carne e osso, que vivem e amassam barro na cidade”, disse ao jornalista Eduardo Costa.
No sábado anterior, foi colocada nos arredores da praça uma faixa apócrifa e de péssimo gosto, certamente de grupos de extrema direita, que quiseram culpar os ambientalistas pela desistência da Heineken de se instalar no município. Emiliano rechaçou tal manifestação, mas entende que a tecnologia e a engenharia têm ferramentas para executar o projeto, balanceando desenvolvimento econômico e a questão ambiental.
Afinal, a engenharia evoluiu e está aí justamente para contornar e solucionar problemas, em especial os ambientais. O meio ambiente e o patrimônio arqueológico, aliás, só têm a ganhar com a presença e possíveis parcerias com uma empresa do porte da Heineken, versada em conceitos ESG de sustentabilidade social, econômica e ambiental. Afinal, como ficou claro no comunicado de desistência, ela tem um nome a zelar. E é esse nome, associado a sustentabilidade e crescimento econômico, que a imensa maioria da população de Pedro Leopoldo quer atuando aqui.