Neste final de feriado prolongado, boa parte da população pedro-leopoldense se escandalizou com o sambão que juntou centenas de pessoas em um posto de gasolina na entrada da cidade. Verdadeiro escárnio com quem se cuida neste momento em que a pandemia de Covid-19 recrudesce, dobra os números de contaminados e volta a mostrar níveis alarmantes de mortes – se é que em algum momento esses números deixaram de ser preocupantes ou estiveram controlados. O povo da festa de ontem é o mesmo que dividiu hoje o transporte público e o espaço de trabalho com pessoas que se protegeram ou às suas famílias e que, inocentemente, se viram expostas ao vírus.
Estamos nas mãos de um Governo Federal negligente, governo estadual omisso e um governo municipal que lavou as mãos, como escreveram Kelsen Ribeiro e Matheus Borges nas redes sociais. Há um decreto permitindo que atividades não essenciais funcionem durante a pandemia? Sim. Mas esse decreto estabelece protocolos de segurança que devem ser observados, como evitar as aglomerações. Os bares e restaurante podem funcionar mas não podem juntar gente, se transformando em uma verdadeira mina de Covid-19, que vai explodir nas mãos de quem não tem nada a ver com a festa. É aí que se cobra a presença do poder público, para garantir o funcionamento correto dessas atividades. Na falta de consciência coletiva, tem que fiscalizar sim, porque nem o público dessas festas nem os proprietários dos estabelecimentos estão preocupados com a saúde da população.
O “cada um por si”, que muitos defendem, é um conceito egoísta. E mais do que isso, é ineficiente, porque não há como a pessoa se proteger no ônibus, no trabalho, nas compras essenciais, se ao seu lado vai estar hoje o irresponsável que se esbaldou na aglomeração de ontem. Se o festeiro chegasse em casa e se trancasse no quarto, sem contato com nenhum familiar ou qualquer outra pessoa durante 14 dias, ele poderia até dizer que o problema é dele e que não está prejudicando ninguém. Mas não é assim que acontece, não é?