Quem frequentou a Casa Verde nesses 30 anos do restaurante, sabe que o dono, o Marco Antonio, jamais deixou outra trilha musical frequentar a casa que não fosse a do rock and roll, blues e country, com alguma exceção aberta para MPB e música clássica. Pelo menos três gerações conheceram os grandes desses gêneros nas madrugadas da famosa pizzaria, que sobrevive – assim como sua música – na subida para o bairro São Geraldo. Como vivemos um tempo de funk e sertanejo universitário (para desespero do Marcão) e essa turma toda já está chegando aos 80, as perdas são evidentes a cada ano.
Boa parte dessa playlist está reunida em um formato antigo, o VHS, montada pelo próprio Marco Antonio em sete volumes, com os grandes sucessos de músicos que já morreram. O primeiro ganhou o título “Show ao Morto” (ao invés de ao vivo) e foi gravado por volta de 1996. A introdução é uma mensagem na tela com os seguintes dizeres: esta é nossa homenagem a todos aqueles que nos brindaram com seu talento, sua música e sua voz, que na verdade permanecem vivos em nossos pensamentos. “Lembramos que Elvis Presley não fez parte dessa seleção, porque “Elvis não morreu”, história Sô Myagi, como é conhecido, repetindo uma antiga lenda do rock.
Com a chegada do DVD, ele refez o que estava pronto e deu sequência ao projeto a cada ano, à medida em que a música predileta de Marco Antonio perdia seus expoentes. ” Já estou atrasado com o volume do ano passado e este ano já perdemos mais um, o Neal Peart, do Rush”, conta Marco Antonio. Estão lá, nos álbuns da Casa Verde, os nacionais Cazuza, Elis Regina, Tim Maia, Renato Russo, Emílio Santiago, Cássia Eller, Raul Seixas, Zé Rodrix, Chico Science, Gonzaguinha e internacionais, como George Harrison, John Lennon, All Jarreau, Barry White, Ray Charles, Freddie Mercury, Frank Sinatra, Jim Morrison, Janis Joplin, Jimi Hendrix, Marvin Gaye, Bob Marley e outros mais. Todos abrigados no selo “Sô Myagi Produções”.
A partir do volume 2, Elvis entrou nas seleções. O volume 4 brinca com as notas musicais na capa: FA LE SI DO. Em qualquer formato, porém, os discos de Marco Antônio têm um público fiel, que não abre mão de uma madrugada ao som de sua música predileta, acompanhada de uma boa cerveja, as massas que fizeram história na noite da cidade e muita, mas muita saudade mesmo. Não só do que eles cantaram, mas do que a gente viveu.