Eu adorava ir com meu pai nas férias para a fazenda do Luciano, lá em Dr Lund. Ele foi pedreiro lá por uns tempos. Como isso tem uns 35 anos, não me lembro bem onde era, mas estou certo de que era para o lado de lá. Levava minha marmitinha pra esquentar no mato e ficava lá todo feliz, ajudando meu pai a trabalhar com uma minicolher de pedreiro que ele me deu. Só depois que coloquei meu Rafa, com cinco anos, pra me ajudar a fazer um rejunte na varanda, que pude imaginar o trabalho do meu pai em arrumar a bagunça que eu fazia… Tive mais trabalho para limpar a confusão do Rafa do que para fazer o trabalho.
Meu pai era isto, simplicidade e sabedoria, e apesar de mais de 20 anos da sua morte, só tenho lembranças felizes. Entre elas, uns conselhos que só entendo hoje e um exemplo de incentivo aos estudos, pra minha mãe terminar a faculdade, por exemplo. E para os filhos também: a maior alegria dele era buscar e levar o boletim de fim de ano onde a gente estivesse. Ah, e o amor pelo Galo no radinho preto de pilhas, isto ficou marcado e passou para todas as gerações.
(De Matheus Utsch para Carlinhos Pedreiro)