Vamos falar de quadrinhos, séries de TV sobre super heróis e adjacências? Vamos, porque precisamos. Vou traçar uma linha muito simples e direta, que vai situar até quem não acompanha o cânone das histórias em quadrinhos da DC (Detective Comics), a editora que tem em seus quadrinhos um dos mais geniais heróis de todos os tempos. Segue o fio, amigo leitor.
Batman.
Deixei separado, num único parágrafo, o pseudônimo do multimilionário Bruce Wayne, que troca terno e gravata por um uniforme inspirado no morcego e, sob o manto de Batman, dedica a vida ao combate ao crime. A mitologia do personagem rendeu dezenas, talvez centenas de outros memoráveis personagens, sem falar nas histórias. Um desses personagens é a Batwoman (e se você é da mesma faixa de idade que eu, pensou rapidamente na Batmoça, da série clássica dos anos 60, que o SBT – Sistema Bozo de Televisão – reprisou durante muitos anos, é ela mesma). A versão original da personagem era Barbara Gordon, filha do Comissário Gordon, aquele, de Gotham City.
Batman, herói cujos maiores poderes são um intelecto extremamente privilegiado e uma conta bancária de enlouquecer qualquer Tio Patinhas, inspirou a criação desta personagem, e eis que chegamos a 2020, onde Batwoman tem uma série de TV, onde goza de considerável sucesso, onde a versão da heroína vinha sendo interpretada pela atriz Ruby Rose. Rose abandonou o papel ao fim da primeira temporada, mas a substituta já foi anunciada para as próximas aventuras.
Javicia Leslie, 33 anos, nascida na Alemanha e radicada nos EUA, será a próxima a envergar o manto de Batwoman, e pela primeira vez, uma atriz negra representará o papel. Amigo leitor, você não calcula o quanto eu estou feliz com esse momento. Uma série de TV onde o protagonismo é feminino, e agora fica a cargo de uma mulher negra, talentosa, num papel histórico. Talvez, você imagine que eu não me lembre de outras séries com protagonistas negras (sim, Viola Davis, eu estou pensando em você e nesse seu colossal talento, agora), mas é importante demarcar essa transição, quando uma personagem desde sempre retratada como branca é – com justiça – interpretada por uma atriz de talento sem que para isso tenha que se adequar a uma descrição. Leslie será a Batwoman que o mundo do entretenimento precisa, mais um símbolo de empoderamento para milhões de garotas que não se viam representadas em personagens, publicidade, arte, mas que de forma justa estão ocupando o lugar que lhes é de direito.
Javicia Leslie é mais um talento que chega dinamitando as muralhas do racismo, e não pode nem deve ser o último. Ao contrário, o mundo precisa evoluir, e já não era sem tempo!
E, para os que ainda assim não são adeptos de séries de TV sobre heróis de quadrinhos, eu lhes recomendo fortemente Dear White People – Cara Gente Branca. Nem é uma série, é uma aula, matriculemo-nos!