Histórias do centenário: José Hilário da Silva

Histórias do centenário: José Hilário da Silva

José Hilário com o trombone, Orlando Belisario, Chico de Loura, entre vários artistas que faziam a alegria de Pedro Leopoldo nos fins de semana, provavelmente no quadro da fábrica, ponto de encontro da cidade na época

Por Regina e Renato Hilário dos Reis

Nessa festa dos 100 anos de nossa Pedro Leopoldo (Cachoeira Grande), celebramos a cidade, com este texto sobre nosso pai. José Hilário dos Reis nasceu em 26 de maio de 1913, filho de José Hilário Rodrigues da Silva e Leonina Laudelina da Silva, que migraram em 1887 de Santa Quitéria, hoje Esmeraldas, afim de participar da industrialização de Pedro Leopoldo, na construção e funcionamento da Fábrica de Tecidos Cachoeira Grande, inaugurada em 1895.

Como carpinteiro da fábrica de tecidos, foi escolhido operário padrão de Pedro Leopoldo e do Interior de Minas. Destacou-se no trabalho de reposição das peças das máquinas da fiação e da tecelagem: nosso  pai e sua equipe desenhavam o modelo da peça, esculpiam a peça em madeira, que depois passava por um processo de fundição e recolocava-se, então, a máquina em funcionamento. Note-se que eram peças inexistentes no Brasil, visto que a maquinaria era toda importada da Inglaterra.

Junte-se a isto o grande talento estético-artístico musical da família Hilário Rodrigues, a começar do nosso pai, que tocava trompete e trombone de vara; nosso tio Pedro Hilário Rodrigues, clarinetista; Antônio Hilário Rodrigues  (TioTotone), clarinetista, requintista e saxofonista; Maria José Silva Machado (Tia Tiná), piano; Maria da Conceição da Silva Costa (Tia Lica), violino;  além da grande sensibilidade musical das tias Gracina Hilário (Tia Gracina), Raimunda Silva Ribeiro (Tia Mundica), Elza Rodrigues Paiva (Tia Elza) Gercina Hilário Gonçalves (Tia Gercina) e Maria de Lourdes Hilário Rodrigues (Tia Maria).

Na Fábrica de Tecidos existia o famoso “Quadro”, conjunto de casas em derredor da Fábrica, como ocorria em Manchester e Liverpool na Inglaterra. Neste, a cidade se reunia nos fins de semana, para cantar, dançar, tocar e a família Hilário, incluindo nosso pai, estava sempre animando e alegrando a todas e todos. Além disso, tocava na banca de música de nossa cidade: a Corporação Musical Cachoeira Grande, através da qual alegrou corações e mentes nas festas, retretas, carnaval, o famoso “boi da manta” tardes e noites dançantes, e inúmeras procissões em nossa cidade.

Presidente do Industrial Esporte Clube, José Hilário incrementou o futebol nos domingos à tarde e introduziu o volleyball, nos domingos pela manhã. Tanto no futebol, bem como no vôlei, o Industrial enfrentava equipes de destaque em Belo Horizonte e em Minas, muitas vezes com vitórias consagradoras, que levantavam, em muito, a autoestima da população

Outro aspecto a destacar nesta trajetória de José Hilário é sua consciência e compromisso participativo, nas iniciativas de melhorias das condições de vida de Pedro Leopoldo. Assim sendo, esteve presente na campanha de criação do “Ginásio Imaculada Conceição”; na instalação da Cemig, da Copasa e da Cia Telefônica de Pedro Leopoldo.

Nesta linha de compromisso social com a cidade, foi também vereador (1955-1958) pelo PTB – Partido Trabalhista Brasileiro. Na Câmara, tinha a companhia de Cândido Antônio Viana, César Julião de Sales, Dr. Elísio Alves Gonçalves Ferreira, Geraldo Honório dos Santos, João Gabrich, Dr. José de Paula, José Pereira da Conceição e Dr. Marcelo Mameluque Mota. Como filiado e militante do PTB, sempre esteve alinhado com Getúlio Vargas, Eurico Dutra, Juscelino Kubistchek, João Goulart e aos partidos herdeiros do PTB.

José Hilário e Dona Mercedes

Casado com Mercedes dos Reis Silva, professora primária rural e tecelã, deu-nos as irmãs e irmãos Roberto, Raquel, Rosangela e Rosálida (in memoriam). Educaram-nos no e com o trabalho, estudo, disciplina, afeto, respeito ao diferente e às diferenças. Acrescente-se a sensibilidade humana-ecumênica de pai e mãe, que tiveram como padrinho de casamento nosso Francisco Cândido Xavier.

Concluímos com uma expressão de nosso pai que nos fortalece até hoje, quanto do enfrentamento das dificuldades do dia a dia: “Sempre após uma noite escura, o sol volta a brilhar.”

Referências: Carmo, Osvaldo Gonçalo do Carmo. José Hilário da Silva. Pedro Leopoldo: Nosso Jornal Observador, 1995. Martins, Marcos Lobato. Pedro Leopoldo: memória histórica. Pedro Leopoldo. Gráfica Editora Tavares 2006. Arquivos Pessoais da Família de José Hilário da Silva.

 

 

 

Redação

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