A cidade se indignou no último dia 21 de novembro, quando um ônibus com 50 turistas de Porto Alegre deu meia volta na entrada da Fazenda Modelo. Os passageiros queriam visitar um dos pontos do roteiro Caminhos de Luz, que acompanha a trajetória do médium Chico Xavier em Pedro Leopoldo. Chico trabalhou como escriturário no Ministério da Agricultura e um memorial registra suas atividades na fazenda.

Até o início da pandemia, a União Espírita Mineira tinha um convênio com a União Espírita Mineira (UEM), pelo qual era pago um funcionário para receber os visitantes e cuidar do espaço onde Chico Xavier psicografou uma de suas mais importantes obras, o livro Paulo e Estêvão. O funcionário foi demitido em 2020. O comitê gestor da Fazenda, que hoje é administrada pela UFMG, aponta ainda a necessidade de algumas reformas no local para que as visitas de turistas sejam retomadas. Obras como acesso para cadeirantes, limpeza do mato ao redor e consertos que reduzam os sinais de abandono.

O presidente da União Espírita Mineira, Alisson Pontes, garantiu ao site AQUI PL que a entidade está disposta a fazer as reformas e contratar o pessoal necessário. “Só estamos aguardando a autorização e o projeto”, disse. Segundo Pontes, a UEM representa o movimento espirita em Minas e uma de suas funções é proteger a obra e o legado de Chico Xavier. “Nosso objetivo é transformar a fazenda em uma referência e em um projeto perene. Deixamos claro à UFMG que não temos a intenção de fazer proselitismo religioso, já que Chico Xavier é uma personalidade que vai além da religião”, disse.

A posição da universidade

A UFMG, por sua vez, encaminhou uma nota ao site, dizendo que o processo de renovação do convênio está em andamento. Está é a íntegra do comunicado:

As visitações à Fazenda de Pedro Leopoldo, conhecida como “Fazenda Modelo”, encontram-se temporariamente suspensas devido a limitações de estrutura física e de pessoal para o atendimento das demandas.
A Fazenda Modelo é considerada um destino turístico para grupos religiosos por ter sido local em que o médium Chico Xavier trabalhou por alguns anos. Dessa forma, em períodos de funcionamento regular, a Universidade Federal de Minas Gerais disponibiliza o espaço para que a União Espírita Mineira, centros espíritas de Pedro Leopoldo e a comunidade espírita brasileira em geral programem visitas de grupos à Fazenda e ao prédio onde o médium trabalhou. Com a pandemia e a suspensão das visitações, essa estrutura foi descontinuada e todo material que ficava exposto no local foi retirado. Havia também um funcionário contratado pelas organizações espíritas que acompanhava os visitantes e explicava sobre o acervo referente a Chico Xavier e que também não se encontra mais no local.
A Universidade Federal de Minas Gerais, comodatária da Fazenda, está em processo de renovação do contrato de cessão para a Federação Espírita do Brasil, cujo plano de trabalho prevê obras de reformas prediais necessárias ao acolhimento do público visitante.
A instituição ressalta também a necessidade de haver uma comunicação antecipada por parte daqueles que se interessam em visitar o local para que a equipe da Fazenda Modelo possa atendê-los e possa explicar as possíveis restrições de acesso a áreas de interesse.
Por meio de sua Administração Central e da Escola de Veterinária, a UFMG mantém diversos canais de atendimento abertos para as mais variadas informações de interesse público relacionadas à Fazenda, inclusive indicações sobre a impossibilidade de visitação. Dessa forma, a instituição permanece à disposição para que todos os públicos entrem em contato previamente no caso de idas ao espaço.

A indústria do turismo é a que mais cresce no mundo e pode gerar, em Pedro Leopoldo, dezenas de empregos diretos e centenas de indiretos na estrutura de atendimento aos admiradores de Chico Xavier. Para se ter uma ideia, o último Censo apontava há mais de dez anos uma população de quase 4 milhões de espíritas no país. Diariamente, dezenas de turistas chegam à cidade para conhecer o lugar onde o médium nasceu e psicografou boa parte de seus mais de 400 livros. E muitas vezes, como os turistas de Porto Alegre, costumam voltar para trás por falta de informação e estrutura turística.