Enquanto alguns choram, outros vendem lenços. Certamente você já ouviu essa frase , verdadeiro mantra do liberalismo econômico. Quem a segue à risca enxerga a crise como um momento para lucrar. Outros, porém, vêm neste momento uma oportunidade de ajudar o próximo. Cientes de que todos estão ameaçados pela pandemia do coronavírus, empresas e entidades entre as mais poderosas do mundo procuram fazer a sua parte para reduzir o potencial de destruição da Covid-19.
Estes bons samaritanos contemporâneos estão atuando em várias frentes e em vários países. É o caso da fundação de Bill Gates e sua mulher Melinda, que anunciou a criação de um fundo de US$ 125 milhões com a Mastercard e a ong Wellcome Trust para pesquisar novas tecnologias para identificar e tratar o coronavírus. Ainda nos Estados Unidos, alguns astros do basquete da NBA, cuja temporada atual foi suspensa, irão pagar o salário dos funcionários dos ginásios, sem trabalho neste período. E montadoras como Tesla, GM e Ford colocaram suas fábricas, que estão paradas, à disposição para a fabricação de respiradores para hospitais.
No Brasil, a Ambev aproveitou as instalações de uma cervejaria do grupo para produzir álcool em gel e doá-lo a hospitais públicos. A rede Burger King Brasil se comprometeu a destinar parte da receita de seus sanduíches para o SUS, enquanto produtores de etanol de Minas Gerais estão doando 60 mil litros de álcool 70 para órgãos públicos de saúde. No domingo, o empresário Rubens Menin, fundador da construtora MRV e dono de 65% da recém-lançada emissora CNN Brasil, anunciou a doação de R$ 10 milhões para a compra de cem respiradores para os hospitais mineiros.
São bons samaritanos com dinheiro sobrando, o que não invalida a boa intenção e, principalmente, o bom resultado. Mas é de se destacar pequenas ações individuais que, em conjunto, fazem a diferença na luta contra o coronavírus e suas consequências na vida das pessoas. São iniciativas como a da Cosmed, laboratório de manipulação de Pedro Leopoldo, que distribuiu gratuitamente álcool em gel para idosos e outros grupos de risco. O estilista Ricardo Sowrreyro e sua equipe confeccionaram máscaras de algodão para serem distribuídas a idosos, como estratégia de proteção contra o vírus.
As boas ações não param aí. O Jorge Henrique, do bar Seu Jorgito, colocou um sachê de álcool em gel nas marmitas que vende. O Espaço Renato Andrade Pinto recebeu doações de cestas básicas por parte de vários pedro-leopoldenses. A entidade assiste 56 famílias carentes. Diante da falta generalizada, alguns médicos da cidade doaram máscaras para o pessoal do Laiite que trabalha junto aos idosos. E jovens se ofereceram para fazer compras ou pequenas tarifas para idosos isolados em casa.
São iniciativas lindas e cada vez mais necessárias. Afinal, os piores reflexos da quarentena ainda estão por vir, com a redução da atividade econômica e do nível de emprego. Os pedro-leopoldenses mais carentes vão precisar muito da ajuda do governo e da prefeitura, mas principalmente da empatia e da solidariedade de seus conterrâneos.