Dois pedro-leopoldenses de ônibus na rota mais longa do mundo

Dois pedro-leopoldenses de ônibus na rota mais longa do mundo

Antônio Hilário diante do ônibus que o levou pela maior rota do mundo

O gerente do Sicoob Credipel em Matozinhos, Ailton Correa, de 58 anos, e seu sogro, o empresário Antônio Hilário Gonçalves,  75 anos, pegaram a estrada de ônibus  no dia 28 de setembro para chegar até Lima, capital do Peru. A viagem pela linha Trans Acreana começa no Rio de Janeiro, tem 6.307 quilômetros e é considerada a rota mais longa do mundo, segundo a empresa que faz o percurso. A repórter da Folha de São Paulo, Regiane Soares, foi uma das companheiras de viagem dos dois. Em matéria publicada no jornal, ela relatou:

A viagem durou cinco dias e cinco noites, em um total de 116 horas e 10 minutos, tempo suficiente para cruzar rios, passar por três biomas no Brasil (cerrado, pantanal e amazônia), atravessar a fronteira, encarar a estrada sinuosa que corta os Andes e um deserto no Peru. Isso tudo do lado de fora do ônibus. Dentro, aconteceram perrengues nada chiques, como o mal-estar provocado pela altitude, ir ao banheiro com o ônibus em movimento, além de comer e tomar banho a jato nas paradas, sempre muito rápidas (de 30 a 50 minutos)”.

Do total de 25 passageiros, apenas sete eram brasileiros, além de quatro colombianos, duas venezuelanas, um nigeriano e os demais, peruanos. O administrador de empresas Ailton Correa, 58, e seu sogro, o empresário Antônio Hilário Gonçalves, 75, começaram a viagem um pouco antes. Moradores de Pedro Leopoldo, eles enfrentaram nove horas de ônibus até o Rio de Janeiro, de onde partiram para Lima.

Ailton, em um dos picos mais altos da cordilheira

Desde 2014, todos os anos eles fazem uma viagem de carro para algum país da América do Sul. Sempre viajaram de carro. No primeiro ano, seguiram pelo sul do Brasil, passando por Uruguai, Argentina, atravessaram a cordilheira dos Andes e chegaram ao porto de Valparaiso, no Chile. No segundo ano, 2015, os dois foram para o Paraguai; em 2017, o destino foi Guiana Inglesa, Venezuela e Suriname, passando pelo centro oeste, Amazônia e Roraima; em 2018, chegaram a Bariloche, mas tiveram que voltar por causa de uma nevasca; em 2019, voltaram da Amazônia por causa de assaltos e, em 2020, durante a pandemia, fizeram todo o trajeto da BR 101, até Fortaleza.

Em 2021, Ailton e Antônio tentaram ir pela primeira vez ao Peru, através da Bolívia, mas não conseguiram entrar e, em 2022, nova frustração no mesmo roteiro, quando conheceram boa parte do Pantanal brasileiro. Em 2023, souberam da Trans Acreana. “Resolvemos encarar, pois seria menos cansativo, já que a empresa, de certa forma, tinha garantia de seguir viagem”, conta Ailton. A viagem foi cheia de histórias, como a da família de haitianos que queriam tentar a vida no Peru; ou do peruano e sua esposa que tinham uma facção de roupas em São Paulo e estavam retornando com o maquinário para montar uma empresa e colocar os filhos no mercado de trabalho; ou ainda o pai e seus dois filhos que estavam fazendo tratamento pelo SUS no Brasil, além de avó e  neta venezuelanas procurando uma vida melhor em um país com seu idioma.

 

A rota gigantesca enfrenta calor e frio intenso, ao passar por São Paulo, Campo Grande, Cuiabá, Porto Velho, Rio Branco e Assis Brasil, na fronteira com o Peru. Na fronteira, brasileiros e colombianos precisam apenas do RG para fazer a imigração, porém para venezuelanos, haitianos e nigerianos que estavam no ônibus, havia a necessidade de visto. “Ao passar pela cordilheira, deparamos com paisagens maravilhosas e cenários cinematográficos, mas não nos adaptamos com a comida, que era baseada em sopas, trutas e batatas”, relata Ailton.

Alguns viajantes não se sentiram bem, mas como um dos motoristas do ônibus era um médico venezuelano – imaginem – e também havia um enfermeiro no ônibus, todos foram socorridos. “A interação entre os passageiros foi um dos pontos mais interessantes da viagem. Parávamos para tomar banho em postos de combustíveis que atendem caminhoneiros; rodoviárias e restaurantes. E como não cabiam todos nos banheiros, houve um respeito muito grande para organizar esta atividade”, destaca o pedro-leopoldense.

A passagem para essa verdadeira epopeia custa R$1.000. Os pedro-leopoldenses ficaram um dia em Lima e voltaram de avião: a passagem até Confins sai por  R$2.125,00. “A empresa que faz a viagem prefere que se volte de avião, pois a ideia é levar ou trazer”, explica Ailton, que gostou muito da viagem, mas não pretende voltar a enfrentar um percurso tão extenuante. “Essa não dá pra repetir”, disse.

Bianca Alves

Criadora e editora do projeto AQUI PL, é formada em Comunicação Social pela UFMG e trabalhou em publicações como os jornais O Tempo, Pampulha, O Globo; revistas Isto é, Fato Relevante, Sebrae, Mercado Comum e site Os Novos Inconfidentes

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