Diário de um infartado – Capítulo 1

Diário de um infartado – Capítulo 1

Médicos têm medo de infartar?

 

Já estava sentada naquele corredor há uns vinte minutos… por que nenhuma consulta médica começa na hora em que foi marcada? Antigamente, os médicos eram interrompidos em suas consultas por casos de urgência, o que explicava os atrasos, mas hoje eles já começam a atender atrasados. Chegam ao consultório vindos de um de seus muitos empregos, sem calcular que, entre um e outro, sobram congestionamentos, fila de elevador, tempo para estacionar. Também concorrem para isso os pacientes que falam muito e acabam extrapolando os quinze ou vinte minutos reservados para uma consulta padrão e aí…mais atraso. Sabendo disso, é seguro atrasar para uma consulta, certo? Infelizmente não. Quem chegou na hora (da consulta, não do atendimento) vai entrar na sua frente e, se a sua consulta for das últimas, jamais se atrase…o médico irá embora cinco minutos depois do horário que marcou. Sem o menor dó por você que, tantas vezes, esperou trinta ou quarenta minutos por ele.

Enfim, naquele dia até que não demorou tanto e o ortopedista abriu a porta pouco tempo depois que eu comecei a questionar intimamente as razões para os recorrentes atrasos médicos. “E aí, “dona” Carmen, o que aconteceu”, pergunta o homem mais velho do que eu e que eu não posso chamar de “Seo” fulano, já que o obrigatório “doutor” faz com que ele seja jovem para sempre. E a razão que me leva àquele consultório em particular já entrega de saída que, apesar dos 55 anos, a velha ali sou eu: escorreguei e caí no chão. O joelho dobrou e bateu no chão, o que me levou ao pronto socorro e a três dias gritando de dor, sem posição para dormir. O simpático socorrista que me atendeu fez uma chapa, me medicou com algo próximo da morfina e me mandou procurar um ortopedista, justamente o que eu estava fazendo ali, naquela hora.

Conto toda a história ao “Seo doutor”, adicionando local e circunstância: “estava na casa de meu filho, me recuperando de um infarto…”. Você infartou!….surpreende-se o médico e imediatamente pergunta: como foi? Doeu? Como é a dor? Vejo que as posições mudaram ali no consultório – o ortopedista está genuinamente interessado em saber como isso acontece, talvez por curiosidade ou, desconfio eu, por medo. Certo mesmo é que o próximo paciente vai amargar um atraso maior que o meu. “Olha, doutor, doeu muito. É assim a dor…da morte…”, começo.

Bianca Alves

Criadora e editora do projeto AQUI PL, é formada em Comunicação Social pela UFMG e trabalhou em publicações como os jornais O Tempo, Pampulha, O Globo; revistas Isto é, Fato Relevante, Sebrae, Mercado Comum e site Os Novos Inconfidentes

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