Pedro Leopoldo vive um sério debate sobre a gestão dos serviços públicos de saúde. O convênio da Prefeitura com a Maternidade, os contratos dos médicos com o P.A., a oferta de serviços de maior complexidade – tudo se mistura em um contexto econômico adverso, que está aumentando a quantidade de usuários do SUS.
Não poderia ser diferente. O desemprego que não cede, a informalidade em alta e a consequente queda de renda tira gente do guarda-chuva dos planos de saúde e amplia a pressão sobre os serviços públicos. A fila não para de crescer. Só de dezembro de 2018 a março deste ano, mais de 212 mil pessoas deixaram de ter plano de saúde, por não terem como bancar reajustes acima da inflação.
A situação já é bastante ruim para que, em meio aos embates, surja o preconceito em uma face ainda mais terrível: a da arrogância. Que aparece sem disfarces em certas atitudes. Exemplo disso veio de um médico que foi às redes sociais e perguntou: “cadê o fanfarrão do enfermeiro?”, referindo-se ao secretário municipal de saúde, Fabrício Simões.
Ao mesmo tempo, uma nota do Sindicato dos Médicos de Minas sobre a possível inclusão de serviços de saúde, inclusive os prestados por médicos no P.A. e no hospital, em um consórcio público, expõe viés parecido. Ao referir-se ao mesmo Secretário, o comunicado encaminhado ao Matheus Utsch na página do Movimento Kdê frisa, entre parênteses, ser ele um enfermeiro. O que leva a crer que isto pudesse ser algum demérito. Profissional superqualificado, Fabrício é coordenador do MBA em Gestão de Saúde da PUC e pesquisador da UFMG, entre outras habilitações.
Tais cenas explícitas de preconceito só ampliam a distância que separa a realidade do povo que precisa de serviços de saúde e aquela, bem menos sofrida, de alguns profissionais que deveriam defender, promover e garantir sua universalização. Aguardemos os novos capítulos.