As artes plásticas de Márcio Barbosa e os poemas de Adriana Maciel formam um par perfeito: funcionam tão bem para os sentidos quanto queijo e goiabada, café e pão de queijo, tomate e manjericão. Na obra “Sobre árvores e homens”, Márcio questiona os interesses econômicos que colocam natureza e humanidade em lados opostos. Uma dupla que veio junto ao mundo e que hoje não consegue viver no mesmo planeta, como demonstra mais uma poesia de Adriana.
Nasci semente e vislumbrei o viço, bebendo as seivas.
Busquei o alto construindo-me fortaleza.
Espalhei minhas sombras, meus aromas, meus sabores, enquanto na terra fértil, pulsava meu coração.
Fui beleza para olhos que viam e acalento na aridez dos tempos.
No entanto, sucumbi às dores do mundo.
Feriu-me a insensatez dos homens. Sangrou-me a estupidez humana!
Dói-me as farpas dilacerando a carne no ensurdecedor desejo de finitude!