Ainda repercute em Pedro Leopoldo a triste cena de ontem, 21/11, em frente à Fazenda Modelo, na qual 50 turistas gaúchos foram impedidos de entrar para visitar o espaço dedicado a Chico Xavier. Ex-funcionário do Ministério da Agricultura, o médium pedro-leopoldense trabalhou na Fazenda até 1959, quando se transferiu para Uberaba.
O site AQUI PL tentou contato com a Escola de Veterinária da UFMG (que hoje administra a Fazenda), através da professora Zélia, e com o Comitê Gestor do local, que tem como representante um funcionário chamado Vanderlei. Nenhum deles retornou nossas mensagens. O presidente da Fundação Chico Xavier, Jhon Harley, garantiu que os turistas sabiam que não entrariam na fazenda, já que desde 2020 não há quem os receba.
Segundo Jhon, desde 2010 a União Espírita Mineira (UEM) tinha um convênio com a UFMG, posteriormente coordenado pelas casas espíritas de Pedro Leopoldo, pelo qual eram pagos dois funcionários para esta tarefa. Eles foram demitidos em 2020, mas até então ciceroneavam os visitantes e cuidavam do espaço onde Chico Xavier psicografou uma de suas mais importantes obras, o livro Paulo e Estêvão.
O presidente da UEM, Alisson Pontes de Souza, revelou a Jhon que “esta relação permanece”, mas que o Comitê Gestor exigiu algumas reformas no local para que as visitas de turistas sejam retomadas. Obras como acesso para cadeirantes, limpeza do mato ao redor e consertos que reduzam os sinais de abandono – curiosamente, uma das principais atrações do local, que está perfeitamente preservado. “O abandono preservou a Fazenda, que está exatamente igual era na década de 50”, afirmou o presidente da Fundação Chico Xavier.
O que transforma a visita à Fazenda Modelo em uma “experiência espiritual”, expandida pela beleza e pelo silêncio inspiradores do lugar. E que poderia ser enriquecida com um passeio de charrete da Estação até lá, como fazia Chico Xavier para ir ao trabalho. Infelizmente, a UEM não especificou um cronograma para que as obras exigidas pela Fazenda sejam realizadas e não há neste momento uma instância que organize as demandas, aproxime as entidades e construa pontes para que a cidade volte a receber os admiradores de Chico Xavier também na Fazenda Modelo.
A Prefeitura de Pedro Leopoldo também não deu retorno ao nosso pedido de informações. Mas o ex-prefeito Ângelo Tadeu, marido da prefeita Eloísa Helena, considerou “lamentável” o episódio, em post no grupo AQUI PL, no Facebook. “Aquela área está a cargo da UFMG, que, sabendo da importância do Chico, deveria contatar as organizações espíritas e organizar as visitações . Da mesma forma as entidades deveriam procurar os responsáveis pela área e inteirar dos procedimentos de visitação”, disse Tadeu.
Estas funções também poderiam estar nas mãos de uma Divisão de Turismo da própria prefeitura. Hoje, a Fundação Chico Xavier registra a visita de cerca de 400 turistas por mês, número que poderia ser muito maior. Os 50 gaúchos que se contentaram em tirar fotos na “catedral de bambus” da Fazenda se hospedaram no hotel Tupyguá e muitos deles foram vistos fazendo compras na Marina, por exemplo. Imaginem o impacto positivo para a economia da cidade – e consequente geração de emprego e renda – se a estrutura e os atrativos fossem maiores e mais organizados.
O vereador Matheus Utsch (Patriota) está inconformado. Há vinte dias, ele esteve com as duas pessoas da UFMG, Vanderlei e a diretora Wlads, que confirmaram a necessidade de contrapartidas do município para reabrir a Fazenda, entre elas estudos de proteção da fauna e flora, sinalização e guias . “Está em andamento uma licitação para pessoal de segurança, que deve servir para o Cepel e o P.A. e poderia também suprir as necessidades da Fazenda. Mas o que está faltando mesmo é interesse da prefeitura e não é de hoje”, afirmou o vereador.