Caminhada ecológica: uma experiência de cidadania

Caminhada ecológica: uma experiência de cidadania

Nesse 5 de junho de 2024, meu olhar para a questão do meio ambiente recai sob minha condição de mulher, mãe e professora. Quando penso qual é a importância de falarmos sobre o tema e de principalmente agir em favor dele, parto do princípio de que conservar a natureza não é mais uma tarefa para o futuro ou orientada para esse tempo, é uma imposição do presente, do aqui e do agora, portanto, é hoje e é aqui mesmo, em Pedro Leopoldo.

Proteger a natureza, entender que fazemos parte dela e que não podemos caminhar separados não é mais uma tarefa para o amanhã, não é sobre o mundo que ficará para os nossos filhos quando aqui não estivermos mais, é sobre o agora, é sobre a nossa permanência e sobrevivência, HOJE. Assim como nos foi mostrado pelos desastres ambientais das enchentes no Rio Grande do Sul e outras dezenas de episódios causados pela emergência climática.

É necessário nos perguntar então: qual é o nosso papel na conservação do meio ambiente? São muitas as respostas possíveis que passam pela transformação dos nossos hábitos individuais de consumo, de destino e tratamento dos nossos resíduos, também por nossas escolhas políticas, por quem votamos, pelas causas pelas quais lutamos e pelo discurso que mantemos nas conversas provinciais.

Gostaria de pontuar nesse espaço duas questões que envolvem o tema na nossa cidade. A primeira delas é a ausência de mais parques ecológicos no município de Pedro Leopoldo, no centro e nos diversos distritos. Parques que pudessem ser visitados e ocupados pelas famílias, pelas crianças e estudantes, pelos idosos. Locais que, além de conservar uma vegetação e fauna naturais da região, pudessem ser instrumentos de aprendizado, convivência e lazer das pessoas com a natureza. Locais que nos lembrem de que somos natureza. Locais onde o ar puro, o verde, o canto dos pássaros e a paz das matas reverberem em nós a necessidade de voltar o olhar para dentro, em calma e tranquilidade, para o que e quem está no nosso entorno, com empatia e solidariedade e para a terra, fonte do nosso alimento, solo do qual somos fruto.

A segunda questão se relaciona às tradicionais e lamentáveis queimadas que acontecem durante todo o ano na cidade, mas que se intensificam nessa época como eventos diários. A lista dos malefícios para a saúde dessa prática é enorme e conhecida, trazendo para a população consequências no agravamento de doenças crônicas como a asma, a bronquite, diversos problemas cardiovasculares e respiratórios. Mas a pergunta que fica é: quais são as medidas efetivas tomadas pelo poder público para acabar com e punir essas ações criminosas? A impressão que temos é que não existe fiscalização, muito menos punição, para coibir as queimadas. As medidas de conscientização da população são insuficientes e quase invisíveis. Enquanto isso, diariamente vemos os sinais da destruição na fumaça que se espalha pelo céu azul do outono.

Como professora percebo que é pela experiência, pelo exemplo e pelo conhecimento que podemos mudar nossas práticas em relação ao meio ambiente e assim, inserir uma rotina de cuidado e priorização do tema. Por esse motivo, fico imensamente feliz quando vejo e posso participar com meus alunos de iniciativas como a 1ª Caminhada Ecológica Lagoa Viva que aconteceu neste 5 de junho, Dia do Meio Ambiente, na Lagoa de Santo Antônio, organizada pela ONG Lagoa Viva em parceria com o Rotary. Participaram da caminhada a comunidade local e alunos das escolas municipais Heitor Cláudio Sales, Isabel Gomes e estaduais Magno Claret e Rui Barbosa. Um ato planejado para chamar atenção da população de Pedro Leopoldo para a importância da preservação do nosso patrimônio natural, representado pela Lagoa. Que esses estudantes possam carregar dessa ação uma experiência de cidadania, de saberem que suas vozes podem ser utilizadas para a proteção daquilo que nos importa e nos é fundamental à vida, uma boa vida para todas as pessoas e todos os seres vivos.

Camila Rajão

Historiadora e mestre em Letras, atua como professora da rede pública de ensino e pesquisadora nas áreas de História e Literaturas africanas. É presidente do Partido dos Trabalhadores em Pedro Leopoldo

ARTIGOS RELACIONADOS

Cinzas de um passado distante na semana do Meio Ambiente

Cinzas de um passado distante na semana do Meio Ambiente

Temos mais de 10 mil mudas no horto, um plano de arborização que fiz e foi aprovado na Câmara e, o mais importante, verba para isto

LEIA MAIS
Um pequeno recado no Dia do Meio Ambiente

Um pequeno recado no Dia do Meio Ambiente

Os próprios pedro-leopoldenses estão dando o exemplo. Caso de duas moradoras da rua Fidalgo, Élina e Mara, que, com um ato simples, estão revolucionando a vizinhança

LEIA MAIS