Não importa, pessoa que lê, todo mundo tem ou teve mãe.
E aqui a gente começa a dividir a fila. Uns não têm mais, outros ainda têm, e pela graça da modernidade, já há quem tenha mesmo mais de uma. Dividimos mais um pouco, e temos tanto os que só vêem flores na convivência quanto aqueles que experimentaram também os espinhos. E lá estão elas, compartilhando características, e estando conosco quando começamos a caminhada.
Não sei você, mas eu sinto que dei a volta ao mundo e vivi de tudo um pouco com Terezinha.
Desde as traquinagens da infância, quando algumas foram premiadas com aquele festival de lapada de Havaianas, passando pelos arroubos da adolescência, quando a gente amarra um cinto em torno da cintura e já acha que é dono do mundo, chegando à vida adulta e, pelos idos de meus 34 anos, ainda não chegando perto dela de camiseta pra que ela não visse nenhuma tatuagem. E ela ali, com seu jeito turrão e valente, lá estava Terezinha, criando os próprios filhos, alguns netos e mais um punhado de agregados, dentre os quais me incluo, adotado que fui.
Toda mãe é meio Terezinha. Talvez nem todas sejam tão proeminentes no uso das Havaianas como instrumento de disciplina, eu sei, mas eram os anos 70, compreendo o contexto temporal. Talvez nem todas cogitassem Bombril pra tirar tatuagem do filho, eu sei, mas toda mãe é meio Terezinha.
Elas são nosso portal de entrada pra esse mundo louco. São nosso primeiro amor, nosso primeiro toque, nossa primeira negociação em que trocamos nosso choro pela mamadeira, e nos colocam, cada uma a seu modo, no caminho da vida, dão aquele tapa na poupança e dizem “vai, mas não demora, e veste um casaco”.
Toda mãe é meio Terezinha, que se viesse até o quarto e achasse o que eu estava procurando, ia esfregar na minha cara. Que me lembrava que eu não sou todo mundo. Que dizia que era tudo ela naquela casa.
Só tinha uma coisa que ela sempre dizia, e que me incomodava: um dia eu vou sumir. E em 2016, ela acabou cumprindo a promessa, e lá se foi Terezinha pras estrelas (mães, nesse ponto, não sejam Terezinha).
Ela não viu meu filho chegar, ele veio pouco mais de um ano depois. E hoje, a gente tenta botar mãe no meio de tudo, seja com uma foto, uma história, uma lembrança, tudo pra que ele tenha pelo menos boas referências daquela velha complicada e perfeitinha, deusa, louca e feiticeira, que tanta falta me faz.
Toda mãe é meio Terezinha, toda mãe luta, cria, defende, incentiva, empurra, puxa, desafia e impulsiona. E as Terezinhas fazem muita falta…
Então, chegando o dia das mães, eu desejo verdadeiramente que você possa abraçar sua Terezinha, ou estar em paz com suas lembranças, sejam quais sejam. E se você for uma mãe, que o milagre da vida seja energia e luz no seu caminho.
A cada mãe desse mundo, muito obrigado, um abraço sincero e um sorriso.
Bença, mãe!