O criativo João de Nini

O criativo João de Nini

Uma crônica de Mário Lúcio Quintão*

Pedro Leopoldo, em suas narrativas históricas, enaltece muito a figura carismática de César Julião de Sales, Cecé, o prefeito que transformou as perspectivas locais.

Não obstante, não podemos deixar de reverenciar o seu fiel escudeiro, o polêmico João de Nini. Era filho de Nini de Otoni, neto do pioneiro local Antônio Alves, e de Elisa Costa, herdeira de Antônio Elias, fazendeiro lá do bucólico Dr. Lund.

Foi batizado com o nome da capela, dedicada a São João Batista, mas principalmente por ter nascido no dia 23 de junho, véspera do dia do santo.

João se fez por conta própria, cresceu longe do poder e da sua própria família. Rebelde, em face de sua irreverência, foi expulso de vários colégios, mas encontrou sua vocação abrindo estradas Brasil afora.

João de Nini não se acomodou nesta Cachoeira das Três Moças, desdenhou o patrimônio familiar e virou cidadão do mundo. Cresceu sem a presença do pai e trabalhou onde foi acolhido, desde jovem.

Estava na Construtora Andrade Gutierrez, asfaltando a rodovia entre Juiz de Fora e o fascinante Rio de Janeiro, quando conheceu sua esposa, na tradicional cidade de Vassouras. Amor à primeira vista. Paixão alucinada. Obviamente, se casou.

Após rasgar estradas, retornou à Pedro Leopoldo, como empreendedor.

Acabou recrutado, nas décadas de 60 e 70, a participar das gestões municipais, como secretário de obras.

A genialidade de João de Nini foi decisiva para o asfaltamento de nossa cidade.

Havia uma crise mundial de petróleo.

O João de Nini inventou uma alternativa de brita e piche, uma espécie de asfalto frio, que prescindia de petróleo bruto e era bem mais barato.

A Comendador Antônio Alves e suas vias adjacentes foram todas asfaltadas, com capricho. Assim como os caminhos que ligavam à cidade ao Matuto ou à Quinta do Sumidouro.

Pelas ruas da cidade, espalhou, com Dona Marieta, milhares de pés de hibiscos e buganvílias, que aqui e ali ainda preservam vestígios de uma cidade mais colorida.

Entretanto, João de Nini, como participante eficiente no poder local, aparece em poucos registros fotográficos.

Nós, que testemunhamos suas obras, sabemos de seu legado, de seus sonhos e de sua discrição.

*Mário Lúcio Quintão é advogado e professor universitário

Redação

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