Por Mônica Souza Landsberg –
Sete anos depois da Abolição da escravatura, ou seja, em 1895, a recém-instalada Fábrica de Tecidos Cachoeira Grande doou um terreno em um ponto alto da cidade para a construção da estação ferroviária de Pedro Leopoldo. Podemos imaginar então o jovem Raimundo Moreira, já na condição de negro livre, trabalhando na construção desta ferrovia.
Raimundo Moreira é o nosso avô materno .Quando jovem e antes de se casar com a nossa avó Zita Dias da Silva, viveu em um curral provavelmente no Pimentel até que começaram a sua vida em comum. Tiveram 14 filhos e a segunda criança a nascer se chamaria Maria Luiza Moreira , a nossa mãe.
Raimundo Moreira morreu jovem deixando sua esposa Zita viúva ainda na faixa dos 50 anos. Ela recebeu uma indenização que veio pelo trem pagador como se usava naquela época e comprou um terreno distante do Pimentel, onde hoje é a rua principal de Pedro Leopoldo, a Comendador Antônio Alves.
Nossa mãe Maria Luiza, como uma das filhas mais velhas, começou a trabalhar na fábrica de tecidos aos 14 anos. Seu turno ia até a meia-noite e ali ela trabalhou durante 10 anos, até se casar com nosso pai, Ataíde de Souza, aos 25 anos. Sete crianças nasceram desta união: Antônio, Maria Helena, Ivone, Suzana, Mariza, Maria de Fátima e Mônica.
O Pimentel sempre foi uma referência, porque nossos primos e tios ficaram lá ! Liquita, negra forte a quem tratávamos de tia, nos impressionava pela maneira sincera de ser: um sorriso branco como a lua e os cabelos sempre repartidos ao meio, de uma elegância colossal!
O grupo de dança Ilê Ifé, das irmãs Moreira Souza