Incomodado com críticas demolidoras veiculadas na Gazeta de PL, um vereador da época chamou Marcos Antunes Passos de Freitas, editor do jornal, de “jornalista inexpressivo”. Não deu outra: a partir de então, Marcos passou a assinar seus editoriais como “jornalista inexpressivo”. Primeiro jornalista profissional da cidade, Marcos se orgulhava de ser formado pela UFMG. Brilhante, leitor voraz, era conservador nas ideias e ousado nos projetos. Pilotou sua Gazeta por mais de vinte anos e só vestia um terno nas noites de Persona, prêmio com o qual distinguia os muitos destaques da vida municipal.
Polêmico, prezava a liberdade de expressão, mesmo que muitas vezes de suas próprias ideias – e não raramente, recusava-se a aceitar as de outros. Manteve distância da religião durante boa parte de sua vida. Nos últimos anos, se tornou evangélico, mais uma vez radical e, mais uma vez, avesso a outras inclinações. Mesmo assim, conservou a admiração pelo conterrâneo Chico Xavier.
Levou a sério essa profissão que não deixa ninguém rico, respeitado ou valorizado. Era um bom jornalista. Brigou com muitos políticos mas, tenho certeza, nenhum deles guardou mágoa de seus rompantes. Sabia, como todos nós, que a política é a arte do possível. E o jornalismo, como já escreveu Ricardo Noblat, existe para satisfazer os aflitos e afligir os satisfeitos. Jornalista é um incômodo. E é assim que deve ser.
Depois de lutar durante anos contra as sequelas do diabetes, Marcos Antunes morreu no dia 15 de fevereiro, véspera do Dia do Repórter. Descanse em paz, Marcos. Sempre um jornalista expressivo.