Conheci o Dinelli na segunda metade dos anos 80, quando ele veio para Pedro Leopoldo morar nas terras de sua família, na Tapera. Eu tinha quase trinta e ele um pouco mais, talvez 35 anos. Como caixa do Banco do Brasil, eu fazia às vezes de recepcionista aos recém-chegados, dando as boas vindas e, com a curiosidade própria dos que escolhem o jornalismo, tentava descobrir a trajetória de quem vinha bater aqui na nossa terra.
Engenheiro civil pela UFMG, Dinelli era chegado nas coisas da água, da terra e do ar: antes de se abancar por aqui, deu aula de yoga, teve um restaurante de comida natural e foi instrutor de asa delta em Florianópolis. Não demorou para se adaptar e adotou Pedro Leopoldo para viver e criar aqui seus três filhos: Demian, Daniel e Déborah.
Ele chegou falando em preservação do meio ambiente, um tema que começava a ganhar nossos corações, engatinhando num país que ainda se preparava para a Rio-92. Logo o apelidei de “engenheiro verde” e não foram poucos os artigos que escreveu sobre o tema em nossas publicações ao longo dos anos.
Ganhou a cidade, conquistou namoradas e muitos amigos, ao mesmo tempo em que defendia com unhas e dentes pautas suas que se tornaram coletivas. Em especial o ordenamento urbano e a proteção à criança e ao adolescente, que formalizou ao atuar em instâncias como o Plano Diretor, a Fundação José Hilário, a Associação dos Engenheiros, os conselhos municipais e mesmo em sua vida profissional, como consultor ambiental de vários empreendimentos no município.
“O meio ambiente da maioria das pessoas é a cidade, então precisamos cuidar da qualidade de vida urbana”, me disse uma vez, em entrevista a uma das históricas edições de meio ambiente da revista AQUI PL. Para isso, defendeu Dinelli, temos que ter “cuidados com as coisas naturais, como a arborização e jardinagem na ruas, praças e margens dos rios, parques e recantos e também educação ambiental, para que a população mantenha esses cuidados. Tudo depende de planejamento urbano, limpeza, disciplina e gentileza social”, apontou o “engenheiro verde”.
Dinelli morreu nesta terça, 20/4, depois de lutar com coragem contra um câncer. Mais do que nunca, precisamos nos espelhar em suas ideias para cuidar da nossa cidade, que também se tornou dele – formalmente, já que é cidadão honorário de Pedro Leopoldo. Um dos muitos legados deste “engenheiro verde”, que parte mas deixa para quem fica mais um pouco a missão de proteger e preservar o planeta para as próximas gerações.