Na aridez quase absoluta de boas notícias que caracteriza os dias atuais, uma me chama a atenção pelo que traz de bom e inspirador. E, coincidência ou não nesta semana da Mulher, a historia tem como protagonistas 15 mulheres ouvidas em uma reportagem do canal Globo News em Recife. Que coisa mais linda a existência, na capital pernambucana, de um grupo de catadoras e recicladoras, que está dando novo destino e serventia para as embalagens de plástico que todo dia são descartadas às toneladas em todo o país.
Um detalhe: a prefeitura de Recife tem à frente um menino, o João, filho do falecido governador Eduardo Campos e, na secretaria de Inovação Urbana, outro menino, Tullio Ponzi. Neste projeto, eles somam a inovação obrigatória em sua geração a algo que muitas vezes é raro entre os jovens: a sensibilidade social. Afinal, este é um projeto que “mata dois coelhos com uma caixa d’água”: protege o meio ambiente, reduzindo o acúmulo de lixo nos cursos d’água e auxilia as famílias, gerando renda e, consequentemente, proporcionando uma vida mais digna para as participantes.
Ah, mas projetos de reciclagem existem em todo o país, inclusive em Pedro Leopoldo, certo? É, mas este tem um diferencial, que é justamente agregar valor ao que é catado e reciclado. Lá, a prefeitura investiu em duas máquinas e ensinou as mulheres a operá-las. Uma delas tritura o plástico e a outra transforma o material em fibras longas, que podem ser moldadas e “tecidas”.
São máquinas de upcycling, instaladas na Cooperativa Ecovida Palha de Arroz. Num estado, Pernambuco, que tem a tradição de cestaria, de renda, as mulheres da cooperativa “tecem” lixeiras, copos, vasos para plantas, saboneteiras, fruteiras, baldes para banheiro e roupa suja, entre outros objetos.
Por que não fazer a mesma coisa em Pedro Leopoldo? Já temos aqui um grupo de catadoras com formação em reciclagem, apoiadas pela prefeitura e por empresas. Mas é necessário ir além: se nossa cidade quisesse fazer uma coleta seletiva de verdade, teria que investir mais. E não é tanto dinheiro assim: as duas máquinas custaram pouco mais de R$ 17 mil. Com elas, seria possível fabricar, por exemplo, cestos de lixo (seco e molhado) a serem distribuídos nas casas, o que facilitaria a separação, além de gerar renda imediata para as recicladoras.
Elas poderiam também “produzir” cestos de feira, para serem usados no Mercado do Produtor, que Pedro Leopoldo pede, pelo amor de Deus, pra ser instalado no Parque de Exposições. Quando essa pandemia estiver controlada, que bom seria reunir nossa agricultura familiar vendendo suas frutas, verduras, bolos e doces nos sábados, dia de fazer compras, tomar cerveja e levar as crianças para brincar em um espaço amplo e saudável…
São ideias para um projeto autofinanciável, que reduziria o lixo que, hoje, vai para o Aterro de Sabará e custa caro para a Prefeitura. Ele não só reduziria os custos como também transformaria Pedro Leopoldo em cidade-modelo na destinação de lixo e aproveitamento do material reciclável. Neste momento em que a mídia nacional nos vê tão negativamente diante dos tropeços na vacinação, que tal dar boas notícias, mostrando que podemos fazer algo realmente bonito, inovador e útil para todos?