Eleições municipais com pandemia: “Lives”, “posts”, vídeos no facebook, youtube, instagram e whatsapp. O “novo normal” solidifica uma “nova forma de fazer política”, em que o contato pessoal entre candidatos e eleitores foi substituído pelas interações nas redes sociais. Tal como nos velhos programas eleitorais de rádio e televisão, o marketing procura “vender” o candidato “Brastemp”, aquele perfeito, sem defeitos e com milhões de qualidades ou “mil e uma utilidades”.
As vezes o tiro sai pela culatra. Candidato do interior, de cidade pequena e sem dinheiro para investir, não tem como contratar uma boa produtora, um bom marqueteiro e o que era para ser uma divulgação do seu nome acaba “queimando” a sua imagem.
Fato é que, nós, eleitores, precisamos conhecer verdadeiramente quem quer nos representar no legislativo municipal e administrar a cidade no executivo, e não será com esses vídeos promocionais de má qualidade que saberemos quais são os projetos e ideias (se é que de fato existem) dos grupos políticos que se propõem a governar Pedro Leopoldo.
Precisamos de debates, não só entre os candidatos a prefeitos, como também entre os pretendentes a uma cadeira no legislativo. O que pensam, quais os problemas a serem enfrentados e a forma como enfrentar, quais os projetos para a cidade, quem apoiam e quem os apoiam. O debate é uma arma poderosa contra o estelionato eleitoral, a picaretagem e os “falsos mitos”. Infelizmente, em 2016, não tivemos essa oportunidade aqui em Pedro Leopoldo. Nossos então candidatos não chegaram a um acordo para se encontrarem e debaterem o município. Uma derrota da democracia e da cidadania.
Todos nós, eleitores, temos a nossa concepção de um projeto político na busca de uma “cidade ideal”. A minha é baseada justamente na perspectiva da participação popular na tomada das decisões. Quero o orçamento participativo em Pedro Leopoldo, escolas em tempo integral, medicina preventiva, transporte público de qualidade, diversificado e sem monopólios privados, incentivo ao pequeno produtor rural e à agricultura familiar. Parceria entre o município e seus centros de excelência acadêmicos como forma de capacitar a população e melhorar os setores de comércio e serviços.
Gostaria de ver Pedro Leopoldo como uma cidade turística e sustentável, preservando o meio ambiente, suas grutas e valorizando o fato de aqui ter nascido o grande Chico Xavier. Estamos a 20 minutos do aeroporto internacional de Confins e a 50 minutos do centro de Belo Horizonte. Temos capacidade de também sermos um importante polo de ciência e tecnologia e são essas as empresas que acredito que temos que buscar.
Principalmente, gostaria de um projeto de cidade em que o investimento nas pessoas, na formação dos cidadãos e na diminuição da desigualdade social fosse o seu norte. Uma cidade em que o ódio dê lugar ao amor e que tenhamos livros e não armas nas mãos das pessoas. Talvez, através dos debates, eu e tantos outros eleitores encontremos um projeto inclusivo e de participação popular e mais, saibamos distinguir e afastar projetos autocráticos e excludentes que pensem em uma Pedro Leopoldo apenas para alguns poucos afortunados.
Nessas eleições precisamos realmente conhecer nossos candidatos e por isso faço um apelo ao AQUIPL, aos jornais e rádios da cidade e aos grupos de serviços e entidades de classe: organizem debates – nem que seja através da internet e das redes sociais – para os candidatos apresentarem suas ideias e os seus planos para Pedro Leopoldo. E que estes aceitem debater, mostrar seus projetos e saibam questionar, de maneira civilizada, os seus adversários. A cidade, a democracia, a cidadania e nós eleitores só temos a ganhar.