Quem nós podemos chamar para morar em Pedro Leopoldo?

Quem nós podemos chamar para morar em Pedro Leopoldo?

No início dos anos 2.000, quando vivíamos um troço muito bacana chamado pleno emprego, uma das cimenteiras instalou em Pedro Leopoldo um centro administrativo, para o qual vieram cerca de 80 funcionários de todo o Brasil. A cidade ficou em festa, afinal, eram dezenas de famílias de alto poder aquisitivo que para cá se transferiam e que poderiam consumir seus produtos e serviços.

Nananinanão. Todo mundo foi morar em Belo Horizonte. Imaginem que, voluntariamente, os funcionários da empresa se dispuseram a pegar estrada todo dia e o pior: também os pavorosos congestionamentos na saída e na chegada à capital. Até hoje, nada me explica o porquê desta decisão de tantos deles. Tínhamos, como ainda temos, boas escolas privadas, comércio relativamente variado, áreas verdes, academias, bares e restaurantes interessantes, além de uma boa estrutura pública de ensino, saúde e segurança. Produtos mais complexos e menos demandados estavam a apenas 50 quilômetros, na capital, tais como serviços específicos de saúde ou de cultura, como teatro, cinemas e shows.

Neste momento de pandemia, em que o trabalho em home office veio para ficar em muitos setores, a ideia de abrigar profissionais de alto nível, que trabalham a partir de seus computadores, se impõe como uma alternativa óbvia para a retomada econômica nas cidades da região – afinal, temos a nosso favor todos esses itens de qualidade de vida. Mas se o principal está aí, ainda falta muita coisa. O trabalho remoto pode ser feito de qualquer lugar que tenha uma internet decente e esta é uma das nossas fraquezas – não há internet 4G em grande parte da cidade, sobretudo em áreas rurais, junto à natureza. E são justamente esses locais que vão atrair famílias decididas a aderir a um novo estilo de vida, deixando o estresse dos grandes centros por mais tranquilidade e menos aglomerações.

Também precisamos de um comércio mais variado, que ofereça instalações mais atraentes e atendimento mais cuidadoso. O mercado imobiliário tem que ser menos especulativo e ainda faltam alguns serviços, assim como equipamentos culturais, parques e jardins. Mas nada que não possa ser criado por boas administrações ou empreendedores à procura de bons clientes. Para achá-los porém, a cidade terá que ser “vendida” em alto e bom som. Um exemplo: você sabia que Lavras, onde vivem muitos conterrâneos que foram para a Camargo Correia de Ijaci, foi eleita em pesquisa a melhor cidade do estado para se envelhecer? Já imaginaram quanta gente não aposta na adorável cidade do sul de Minas como endereço na aposentadoria? E a nossa região, em que ela pode se destacar e quem nós podemos chamar para viver aqui?

Bianca Alves

Criadora e editora do projeto AQUI PL, é formada em Comunicação Social pela UFMG e trabalhou em publicações como os jornais O Tempo, Pampulha, O Globo; revistas Isto é, Fato Relevante, Sebrae, Mercado Comum e site Os Novos Inconfidentes

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