Uma nova fase do trabalho de Márcio Euzébio Barbosa tem como tema pequenos papagaios – como aqui chamamos as pipas de papel – que voam em novas técnicas. Para pedro-leopoldenses como nós, são motivos que reconhecemos em nossa cultura e registros poderosos da infância, principalmente nesses agostos cheios de vento. Justamente por isso, emocionam e, no caso de Márcio, ganham um poema de Adriana Maciel, grande incentivadora do artista plástico.
“Houve um tempo, em que ele foi feliz dando linha às pipas, vislumbrando o espaço celeste, implorando vento aos deuses.
Queria ganhar as alturas, tirar os pés do chão, criar asas, e, voar sonhos coloridos, com suas rabiolas esvoaçantes.
Lá do alto, em seus malabares fascinantes, ela, a pipa, ganhava vida própria, pinoteando graciosamente,
desafiando a força dos ventos, as mãos feridas do menino arteiro, na sua infância permeada de papéis, varetas e colas, insinuando desejos de conquistas maiores.
Houve um tempo para ser criança, pisar nas poças d’água, subir em telhados, correr pelas ruas em seu mundo genialmente aberto aos voos libertos em papéis de seda multicoloridos.”