As más notícias estão por toda parte. O IBGE nos mostrou que 716 mil empresas brasileiras fecharam suas portas definitivamente com a pandemia Ao mesmo tempo, a China viu seu PIB cair 6,8% no início do ano. Voltou a crescer 3,2% entre abril e junho é verdade, mas seus índices de consumo continuam caindo, o que é uma má notícia para boa parte do mundo que vende a ela seus produtos. O abismo entre pobres e ricos – especialmente no Brasil, vice-campeão mundial em desigualdade social – está se ampliando com a pandemia. Não é segredo para ninguém que, mesmo vencendo o vírus, o mundo terá diante de si o desafio colossal de vencer o aumento da pobreza, que se acentuou com a redução da atividade econômica.
Eu, pessoalmente acredito que parte da solução está nas cidades. Digo isso porque nelas todos se conhecem direta ou indiretamente e esta intimidade de toda uma vida ainda é a melhor certificação de qualidade para produtos e serviços. Afinal, nada mais confiável do que o aval de quem conhece um bom marceneiro ou eletricista. Ou de quem recomenda o melhor empadão da praça. Sim, as soluções podem nascer nas pequenas iniciativas, nos pequenos projetos, que vão se entrelaçando e criando um ciclo virtuoso na economia local. Um exemplo disso está na agricultura familiar, um setor que deve receber incentivo para ser capaz de alimentar a população.
Estruturas hoje subutilizadas em nossa região como parques de exposições podem perfeitamente abrigar mercados municipais, reunindo pequenos produtores a consumidores ávidos por qualidade e pouco agrotóxico. Além de poder agregar atividades de lazer e cultura – ou alguém tem dúvida do quanto é importante para o turismo uma estrutura como o mercado central de Belo Horizonte ou o mercado velho em Diamantina? Coisas assim são um pontinho de areia nesta imensa praia que teremos que desbravar. Mas já são um começo.