O Brasil, como bem sabemos, não é para amadores. Em alguns momentos, no entanto, me parece que muitos profissionais também não conseguiriam entender esse rendez-vous tupiniquim. Como diria o eterno síndico e verdadeiro Rei da música brasileira, Tim Maia:
“Este país não pode dar certo. Aqui, prostituta se apaixona, cafetão tem ciúme, traficante se vicia e pobre é de direita”.
E a avacalhação é geral, amigo leitor, é irrestrita, atinge todo e qualquer aspecto da vida em sociedade! Não escapa nada! É cristão defensor de tortura, é cidadão de bem querendo abaixar volume do vizinho com um 38, é a Fundação Palmares, cuja premissa é “promover a preservação dos valores culturais, sociais e econômicos decorrentes da influência negra na formação da sociedade brasileira” presidida por um negro racista, é a apoteose do obscurantismo… eu preciso parar de enumerar, senão esse texto deixa de ser um artigo e passa a ser uma reedição da Barsa.
Aí, amigo leitor, eu me pergunto como é que viemos parar nesse momento da história. A resposta, evidentemente, contempla um sem número de facetas, vamos achar raízes pra esse quid pro quo desde o momento em que a caravela portuguesa encostou na Bahia. Eis que, em 2020, parece que trocaram a caixa de marchas do Brasil, temos uma primeira e quatro à ré. Tá tudo muito doido. Cadê o brasileiro, aquela gente bronzeada que ia mostrar seu valor?
Vi, em reportagem do Correio Braziliense, alguns brasileiros flagrados pelo Fantástico, recebendo o benefício emergencial sem estar nem perto de precisar. Um pessoal que está tranquilo como um grilo, mas que conseguiu se desligar o suficiente da realidade pra fazer a inscrição ao benefício. E o governo deu. Eu sei que você, amigo leitor, tem ao menos um conhecido desempregado que não teve acesso ao benefício, é a turma que está “em análise” desde os tempos do guaraná de rolha. E, Brasil afora, esse fenômeno se repete: gente que não precisa, recebendo tranquilamente, e gente que precisa, mas não consegue passar na peneira de um governo onde até uma planilha de Excel é um mistério insondável.
Eu me dei ao trabalho de verificar a lista dos beneficiários aqui da cidade onde eu moro. Minha sugestão é que você também o faça. Infelizmente, você também vai encontrar nomes de pessoas que, felizmente, não dependem de governo. Na mesma proporção, não vai encontrar um monte de nomes que deveriam estar lá, mas não foram “analisados”.
“Bolsa Esmola”.
“O governo dá Bolsa Esmola, o povo não quer trabalhar”
“Você é desses vagabundos que não quer trabalhar e quer viver de migalha do governo”.
“Não dependo de favor nenhum, temos que trabalhar”.
Você também já ouviu alguma dessas frases, amigo leitor? Eu ouvi, ouço sempre, ainda mais sendo de esquerda. Não seria muito triste, se você verificasse a lista dos beneficiários da sua cidade, e lá estivessem pessoas que já emitiram esse discurso? Você já imaginou o quanto é desestimulante ver gente recebendo o benefício, mesmo sem precisar? Mesmo após dizer que era coisa pra vagabundo?
Boa sorte, amigo leitor, eu espero sinceramente que você não passe também por essa mesma experiência. Verifique, amigo leitor… surpreenda-se…
http://www.portaldatransparencia.gov.br/…/603519-download-d…
E aí? Algum amigo ou familiar seu está precisando e não teve direito? E alguém que não precisa, achou na lista? É, amigo leitor, eu te entendo… infelizmente, eu te entendo!
O Brasil não é para amadores.