O Brasil tem 33 partidos políticos legalizados no TSE. Uma verdadeira sopa de letrinhas, que, é claro, também é servida no cardápio eleitoral de Pedro Leopoldo. Segundo o site Filiações partidárias, 4.669 pessoas são filiadas a partidos políticos na cidade. Nas eleições municipais de 2020, são mais de 200 candidatos registrados em 14 partidos com chapa completa.
Fidelidade partidária é rara. Tem gente que entra e nunca mais sai, caso de Tadeu que, desde sua eleição para vereador em 1967, está no MDB. Já outros políticos mudam de partido a cada eleição, fazendo das agremiações políticas apenas trampolins para acordos muitas vezes inconfessáveis.
Uma olhada nos filiados costuma nos trazer um panorama interessante, às vezes surpreendente e até escandaloso. Principalmente quando comparamos com seu discurso nas redes sociais. Blay Paranhos, um empresário que costuma falar mal da esquerda nas redes sociais, é filiado ao PT. Mesmo assim, em um de seus últimos posts, declarou que vai chamar seu próximo filho de Jair Messias. Dé Leite, ex-vice-prefeito e tucano histórico junto a seu irmão deputado João Leite, está desde 2017 no Patriotas, agremiação que atualmente hospeda o pessoal do PRO-PL. Ilton Camargos, ferrenho direitista, já foi filiado ao PC do B, ou seja, já foi comunista, pelo menos no nome. E hoje discursa abertamente contra qualquer “esquerdopata”, como gosta de dizer. Também já estiveram no partido o próprio Blay, Grascene Hilário, Ribeiro da Guarda Municipal, Constantino Leão – o que mostra que, de comunista, o partido não tem nada.
Não escapam nem os jornalistas. Beto Braga, da Folha, é filiado ao PDT de Ciro Gomes desde que o partido era de Leonel Brizola. Foi parte de uma leva de filiações no final da década de 80 do século passado, que incluía Vitório Savoi, Renatão e Nelito do BB, Loca e Auber Jerônimo. Bianca Alves, editora do AQUI PL, está no Partido Verde há quase vinte anos, quando se entusiasmou com a causa ambiental. Ambos nunca disputaram cargos públicos ou tiveram militância partidária. Já Samuel Tadeu, do Observador, concorreu a uma vaga na Câmara em 2016, pelo PSDC, que fazia parte da coligação de apoio a Tadeu.
Muita coisa mudou na política brasileira desde a redemocratização – mesmo com tantas opções, a polarização hoje é mais forte do que no regime militar, quando as opções se restringiam à Arena e ao MDB. O presidente da república, por exemplo, nem partido tem. Bolsonaro já passou por nove, o último deles o PSL. Mais do que nunca, o que manda na politica partidária são as composições políticas. Antes, a coisa era mais ingênua e apaixonada: tinha mais a ver com ideologia e admiração pelas lideranças – e estas eram a cara dos seus partidos.