Sem eventos, consumidor não compra roupa e sapato; queda nas vendas é de mais de 40%

Sem eventos, consumidor não compra roupa e sapato; queda nas vendas é de mais de 40%

Seis atividades do varejo registraram perdas na passagem de fevereiro para março, já sob o impacto da pandemia, diz a Pesquisa Mensal de Comércio do IBGE. As perdas ocorreram nos setores de Tecidos, vestuário e calçados (-42,2%), Livros, jornais, revistas e papelaria (-36,1%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-27,4%), Móveis e eletrodomésticos (-25,9%), Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-14,2%) e Combustíveis e lubrificantes (-12,5%).

Enquanto isso, as vendas em hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo saltaram 14,6. Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, por sua vez, venderam 1,3% mais. O setor de supermercados, em especial, teve o maior avanço já registrado. Já a maior queda está nas lojas que a gente mais vê em PL: boutiques, tecidos, sapatarias e similares, onde as vendas caíram mais de 40% no país.

Abrir essas lojas não quer dizer, infelizmente, que o movimento irá voltar ao normal. Isto porque, além do dinheiro estar difícil, o que impede as pessoas de comprarem esses ítens não é necessariamente o medo de ir à loja. Ou o fato dela estar fechada – afinal a compra eletrônica segue a pleno vapor.

Um dos grandes motivos para as pessoas não estarem comprando roupas ou sapatos é que elas não têm onde usar – festas, shows, rodeios, formaturas foram cancelados ou adiados sine die. Tais eventos fomentam o setor, como acontece em Pedro Leopoldo em época de Rodeio, por exemplo. Mas também aglomeram pessoas e são uma verdadeira bomba de contágio da epidemia do coronavírus. Como acontece em bares e baladas, que também costumam exigir uma produção mais caprichada.

Outra razão para comprar roupas e sapatos é a volta ao trabalho, o que ainda não aconteceu para amplos setores da economia que mandaram seus funcionários para casa, seja para trabalhar em home office, seja para esperar com os contratos de trabalho suspensos. Certo é que abrir este tipo de comércio dificilmente faria a economia do município voltar ao normal.

Sem movimento, os estabelecimentos gastam com luz, água e cafezinho, com pouquíssimo faturamento. E acabam colocando em risco seus funcionários, obrigados a utilizar coletivos lotados, já que a concessionária Unir continua com horários reduzidos – aliás, durante o dia de hoje, 13/5, o site da empresa está fora do ar, espera-se que para restabelecer o cronograma normal de viagens.

Bianca Alves

Criadora e editora do projeto AQUI PL, é formada em Comunicação Social pela UFMG e trabalhou em publicações como os jornais O Tempo, Pampulha, O Globo; revistas Isto é, Fato Relevante, Sebrae, Mercado Comum e site Os Novos Inconfidentes

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