As lives – transmissões ao vivo on line – são o novo holofote. Quem quer estar em evidência, não abre mão de seu canalzinho no Youtube. A prática, de tão batida, tem até piada: se abrir a geladeira, caem quatro lives lá de dentro. Já há congestionamento na Internet, de tanta gente achando que tem algo a dizer que todo mundo tem que ouvir.
Com a crise do coronavírus, artistas se apresentam em casa, para um público que também está em casa. Só para o feriado de terça, 21/4, estavam programadas lives de Raça Negra, Fernanda Takai, Sandy e Junior, Nando Reis, entre outros. No domingo, teve Roberto Carlos.
Reflexos da temporada eleitoral, as lives chegaram à política e viraram palanque. Com raras exceções, agente público, de qualquer instância ou poder, não faz mais entrevista coletiva. Ele faz live. Como tal, não é confrontado com perguntas que não pode (ou não quer) responder. Dá sua própria versão, ninguém contrapõe e é ela que fica. Pelo menos nas redes sociais.
É um verdadeiro monólogo em que prefeitos, governadores e demais autoridades falam o que querem. O governador Romeu Zema, por exemplo, é um ‘liveiro’ de primeira hora. Desde a posse e onde quer que vá, faz um videozinho contando o que aconteceu.
A tecnologia, quem diria, ressuscitou, com as lives, os comícios para grandes multidões. Aqueles em que, se não fosse um corajoso gritando “ladrão” no meio do público, prevalecia o discurso de quem estava no palco. Hoje, a saída para quem não gosta do que ouve é mandar um emoji de raiva ou de ironia. Ou, simplesmente, não curtir.