Unir reduz horários e pode encher os ônibus em plena epidemia de coronavírus. Isso pode?

Unir reduz horários e pode encher os ônibus em plena epidemia de coronavírus. Isso pode?

O órgão gestor não foi comunicado da decisão da Unir. Prefeitura quer que concessionária seja punida

Em comunicado postado em seu site e nos guichês da rodoviária, a concessionária de transporte público de Pedro Leopoldo, a Unir, comunica que, a partir desta quinta, 19/03, estará operando em horário de dia útil atípico para as linhas intermunicipais/metropolitanas e de sábado para o transporte municipal. Isso significa que, nas viagens para Belo Horizonte, são oito horários a menos. Dentro do município, são 18 a menos.

A concessionária alega que é uma orientação do órgão gestor, ou seja, a Transpl, órgão de trânsito da prefeitura de Pedro Leopoldo. No decreto 1972, baixado ontem, 18/03, pelo prefeito Cristiano Marião, não há nenhuma orientação neste sentido. O décimo ítem do documento diz o seguinte:

“A Prefeitura irá orientar a Expresso Unir que intensifique ações de higiene nos veículos, circulem com janelas abertas e ar-condicionado desligado. E ainda que seja evitada a circulação de ônibus com lotação superior ao número de assentos.”

Deveria ser um processo natural. Com uma parte da população em isolamento social, trabalhando em casa, os veículos trafegariam mais vazios, o que reduziria os riscos para quem não pode parar de ir à rua. No entanto, ao reduzir o número de horários, a Unir faz tudo, menos evitar a lotação superior ao número de assentos.

Marião se indignou. “A empresa tomou uma atitude irresponsável, ela sequer notificou os órgãos de trânsito da prefeitura. Estou exigindo que seja levantada esta situação e que a empresa seja penalizada, já que descumpriu o decreto”, disse o prefeito nas redes sociais. E foi através delas que a população se manifestou.

“Se a intenção da Unir com isso fosse assustar e afastar o usuário do ônibus, deveria cancelar todos os horários, o que obviamente não é possível, já que a maior parte da população tem que trabalhar, fazer compras ou pagar seus compromissos”. disse um morador da região norte.  “Não é porque tem menos ônibus que o povo vai ficar em casa. Reduzir o quadro de horários só vai aumentar a quantidade de pessoas no ônibus e a possibilidade de contágio pelo coronavírus”, apontou outro.

O advogado Sérgio Eduardo Castilho foi mais longe. “Fiquei sabendo que os trabalhadores do distrito industrial ficaram sem poder usar o transporte público hoje. Estamos de olho na licitação do transporte público este ano, esperamos que o edital não seja dirigido como o último”, lembrou.

Em Belo Horizonte, as concessionárias fizeram a mesma coisa. O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SetraBH) alegou a diminuição de mais de 30% no número de passageiros transportados e a redução de profissionais com mais de 60 anos, incluídos no grupo de risco. A BHtrans, que também não foi notificada, fará uma reunião na tarde desta quinta. Em nota, disse que no momento em que todos estão fazendo sacrifícios, as empresas de transporte têm o dever de prestar os serviços básicos à população.

 

Bianca Alves

Criadora e editora do projeto AQUI PL, é formada em Comunicação Social pela UFMG e trabalhou em publicações como os jornais O Tempo, Pampulha, O Globo; revistas Isto é, Fato Relevante, Sebrae, Mercado Comum e site Os Novos Inconfidentes

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